Em Espanha o 8 de março será dia de greve das mulheres. Em Portugal o Bloco apoia

No país vizinho as centrais sindicais estão a dar cobertura a uma paralisação laboral feminina inédita no Dia Internacional da Mulher. Por cá está marcada uma manifestação mas há quem tente obter apoios para a greve

Greve das mulheres ao trabalho, aos cuidados com os filhos, às tarefas domésticas e até às compras. Este é o apelo da Comissão do 8 de Março em Espanha para que o Dia Internacional da Mulher seja celebrado através destes atos de protesto por parte do género feminino. Pela primeira vez, as centrais sindicais espanholas e alguns partidos estão a dar cobertura à ideia de uma paralisação laboral das mulheres. O objetivo do movimento internacional é conseguir a adesão à inédita greve em 177 países.

Em Portugal, a Rede 8 de Março também está empenhada nos contactos diplomáticos com partidos políticos e sindicatos. Mas, para já, a ideia da greve laboral feminina ainda só teve o apoio político declarado do Bloco de Esquerda (BE). "Estamos a tentar falar com os sindicatos para que apoiem a greve das mulheres mas ainda não tivemos respostas. A paralisação é apoiada pelo BE, o único partido que temos confirmado. Mas ainda não fizemos contacto com os outros", afirmou a ativista Adriana Lopera Orta, da Rede 8 de Março. "Mesmo que não haja uma paralisação laboral apoiada pelos sindicatos, temos sempre a possibilidade de apelar à greve das mulheres ao cuidar dos filhos ou ao trabalho doméstico, como também está a ser feito em Espanha. Ou seja, deixar de levar os filhos à escola, de lavar a louça, fazer as camas, não fazer refeições para a família e não consumir ou comprar nada nesse dia", explicou ao DN Adriana Lopera Orta. O consumismo entra na equação por um motivo: "É também uma greve anticapitalista, para além de feminista." Em Portugal, o que já está garantido é a realização de uma manifestação em Lisboa no dia 8 de março, como é habitual.

Em Espanha, o fundamento para a extensão da greve feminina aos cuidados da casa e dos filhos é que as mulheres dedicam o dobro de horas a esse trabalho não pago, com uma média de 26,5 horas semanais para as tarefas domésticas. Se os movimentos feministas conseguirem uma forte adesão das mulheres, mães e trabalhadoras seria algo totalmente inédito, em qualquer país do mundo. Mas em Espanha já estão a ser dados passos mais concretos. "A central sindical espanhola CGT vai convocar uma greve laboral de 24 horas mas generalizada. A maior, que é a UGT, vai fazer um pré-aviso para duas horas de paralisação. Mas é uma convocatória que esperamos que aconteça em 177 países", adiantou Adriana Lopera Orta.

CGTP tem a Semana da Igualdade

A Rede 8 de Março gostava de contar com o apoio dos sindicatos para esta greve, mas não vai ser fácil. Fátima Messias, coordenadora da Comissão da Igualdade na CGTP-Intersindical, explicou ao DN que a central sindical vai ter iniciativas próprias. "Vamos realizar a Semana da Igualdade de 7 a 9 de março com greves setoriais em setores como o têxtil, o comércio, etc. E serão paralisações em todo o país, nos 18 distritos e nas ilhas, e que incluirão os trabalhadores homens", afirmou. "Não fazemos pré-avisos de greve que não tenham sustentabilidade no que são as reivindicações das trabalhadoras nos vários setores laborais", precisou Fátima Messias, deixando bem claro que a central sindical não vai colaborar na organização de uma greve das mulheres generalista. "Mas estamos de acordo com todas as iniciativas que deem visibilidade à causa", concluiu.

Também no Bloco de Esquerda o apoio é manifesto mas o partido demarca-se dos preparativos. "O BE não está a participar na organização da marcha nem da greve de mulheres. A paralisação é convocada internacionalmente. O BE dá o apoio e a solidariedade a estas ações. Mas sabemos que em Portugal seria complicado conseguir o apoio das centrais sindicais para uma greve de um dia inteiro, afinal, o país está ainda em recuperação económica", afirma a deputada bloquista Sandra Mestre Cunha. "Há desigualdade laboral, no acesso ao emprego, nos órgãos de liderança e tomada de decisão. Mas aderir a uma greve laboral implica perda de remuneração", nota.

A Rede 8 de Março teve origem na organização da Marcha pelo Fim da Violência contra as Mulheres, a 25 de novembro de 2011.

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