Incêndios: Governo pode abrir cordões à bolsa

"Se me quer ouvir pedir desculpas, eu peço desculpa", disse o primeiro-ministro, interpelado pelo PSD no debate quinzenal
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António Costa deixou hoje a porta aberta para flexibilizar no OE 2018 a meta do défice (1% do PIB), reforçando as componentes que resultam dos incêndios deste verão e dos mais de cem mortos que provocaram.

Interpelado primeiro por Jerónimo de Sousa (PCP) e depois por Heloísa Apolónia (PEV), o primeiro-ministro responderia citando o que lhe foi dito pelo ministro das Finanças numa reunião governamental: "Não será" o "empenho na consolidação" das contas públicas que colocará em causa a necessidade destas reformas. Ao mesmo tempo anunciou que o Governo irá "criar um mecanismo de flexibilidade para libertar verbas que forem necessárias" para as reformas necessárias.

O debate - o primeiro depois das 42 mortes do fim de semana e da demissão da ministra da Administração Interna, anunciada esta manhã - serviu como uma espécie de ensaio geral para o debate da moção de censura que o CDS apresentou (a discussão será na próxima semana).

Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, exigiu ao primeiro-ministro que este finalmente pedisse desculpas. Costa desarmadilhou o assunto rapidamente: "Se me quer ouvir pedir desculpas, eu peço desculpa." A seguir explicou que prefere essa expressão para assuntos da vida privada, preferindo, enquanto primeiro-ministro, a expressão "responsabilidade".

O PSD desafiou-o também, insistentemente, a pedir ao Parlamento uma moção de confiança - e Costa disse que não, argumentando que só o fará quando não se sentir confiante no apoio maioritário do Parlamento; "Moções de confiança só apresenta quem se sente inseguro",disse.

Já Assunção Cristas, líder do CDS, disse a Costa que este "devia já ter há muito tempo avançado com indemnizações às vítimas". Depois recordou a carta com que a MAI se demitiu, na parte em que esta disse que pedira para sair do Governo logo após Pedrógão. Isto significou, para a presidente centrista, que durante todo o verão se "manteve uma ministra enfraquecida" na tutela da Proteção Civil, representando isso "falta de sentido de Estado".

Ao mesmo tempo, falou em "irresponsabilidade" do Governo por este não ter acautelado a "extensão de meios" de combate (dado que já tinha terminado a fase de mobilização máxima). "Não é normal, é irresponsabilidade", disse a líder centrista. De fora da sua intervenção ficou uma frase que estava escrita na versão distribuída mas que acabou por não ser pronunciada: "Não nos envergonhe mais e saia!"

O PCP e o BE defenderam o Governo dos ataques do PSD e do CDS - mas sobretudo quem o fez foi o BE. Catarina Martins disse ser "chocante" que Cristas venha agora invocar "as responsabilidades dos outros", quando foi "responsável pela liberalização do eucalipto", na qualidade de ministra da Agricultura no anterior governo.

No entender da líder bloquista, a moção de censura anunciada pelo CDS no primeiro dia de luto foi um "truque grotesco". Já o desafio lançado pelo PSD para uma moção de confiança foi, na visão de Catarina Martins, de um "ridículo intolerável".

Recorde aqui o debate quinzenal:

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