Edgar Silva nunca tinha tido tanta gente junta num comício a ouvi-lo. Falando de improviso, apenas com uma folha de tópicos, foi lembrando as "marcas distintivas" da sua candidatura que, de resto, tem vindo a salientar nas intervenções dos últimos dias. Mas o que acabou por marcar mais quer o seu discurso, quer o do secretário-geral do PCP, Jerónimo Sousa, acabou por ser um apelo "forte" à mobilização de todos para impedir que Marcelo Rebelo de Sousa vença as presidenciais à primeira volta, como preveem todas as sondagens. "Este comício é uma expressão clara de mobilização e crescimento da nossa campanha. Há energia, um coletivo que que está a crescer, que se agiganta, que demonstra que historia não pode ser parada", salientou. Essa "história" é a que começou nas legislativas de 4 de outubro, quando uma "maioria de esquerda derrubou a direita do poder" e deixou as "sementes de abril a germinar". O candidato comunista lembra que "nada está ainda decidido", apesar das sondagens, e que "ainda é possível derrotar Marcelo Rebelo de Sousa". Ouvem-se ruidosos assobios à referência ao nome, mas Edgar Silva lembra: "não basta apenas apupar, é preciso mobilizar para derrotar. Está ao nosso alcance derrotar esses intentos da direita". Na sua intervenção, momentos antes, Jerónimo Sousa tinha assinalado que o professor é "o candidato em que o PSD e o CDS apostam para a desforra da derrota outubro"..Ao secretário-geral do PCP coube o elogio a Edgar Silva, "que há muitos anos está nos combates decisivos, como uma história singular em defesa dos mais fracos", e um balanço dos "100 dias da derrota da direita", com um "caminho de avanços e conquistas que se vão fazendo com a luta do PCP e dos trabalhadores". No entanto, salientou, "importa ainda consolidar esses avanços". "Há quem ande para aí a intrigar, a dizer que o PCP quer tudo de uma vez", assinalou, "não, os trabalhadores não querem tudo, só querem aquilo que lhes foi roubado à força, com promessa de reposição. Exigir a reposição do que foi roubado não é apenas uma exigência legitima, é uma obrigação de justiça"..Entre as "marcas distintivas" da sua candidatura, Edgar Silva assinalou ser "a única com um compromisso sério de cumprimento da constituição, da defesa dos valores de abril e da democracia e a única que estará sempre ao lado dos trabalhadores". Quando ao "perfil" do Presidente da República que quer assumir, será um chefe de Estado "com coração de carne e não de pedra, que ouve o clamor do povo; que assuma plenamente a defesa dos interesses de Portugal e seja capaz de não vergar a interesses estrangeiros: que seja um amante incansável da liberdade e da democracia".