Edgar Silva. "Há sementes impossíveis de não dar frutos. As sondagens não veem esse "filme"

O candidato comunista defendeu no Algarve uma regionalização "urgente" do país, sem necessidade de referendo
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Edgar Silva fintou o "soundbyte" que Marcelo Rebelo de Sousa atirou ontem, a propósito das sondagens que tornam a confirmar a sua vitória à primeira volta, segundo o qual os seus adversários "não estão a ver o filme". O candidato comunista, confrontado, pelos jornalistas, refutou habilmente salientando "toda a dinâmica, toda a cor e mobilização" que tem sentido nos últimos dias "e que as sondagens não veem". Recordando a "derrota da direita" nas eleições de 4 de outubro, Edgar Silva sublinha que "há sementes, de esperança, impossíveis de não dar frutos e as sondagens não têm capacidade para captar esse "filme". Essas sementes de abril não podem e não vão ser amputadas".

Para a primeira ação de campanha a sul, o candidato escolheu a cidade medieval de Silves, autarquia, nas últimas autárquicas, arrancada pelos comunistas aos sociais-democratas, há 20 anos no poder. À chegada, entre os cerca de meia centena de apoiantes que gritavam "Edgar avança, com toda a confiança!", estavam os braços abertos de Idalina Silva, 70 anos, residente na localidade. "Olha, olha, somos parentes, não?", brincou Edgar. "Não devemos ser, há muitos Silvas por aí", reagiu a mulher "até alguns que não são nada bons". Além do sol radioso, a contrastar com o cinzento dos dias de campanha a norte, também tinha à sua espera Rosa Palma, a presidente da Câmara, independente, eleita nas listas da CDU, que de braço dado com Edgar Silva, foi percorrendo as ruas da cidade e partilhando os beijinhos de comerciantes, populares e até turistas. E muitas mulheres, que de sorriso de orelha a orelha, faziam questão em conhecer pessoalmente o candidato. "Ele tem muita saída com elas", dizia um apoiante, quando Edgar Silva foi obrigado a parar na entrada do gabinete de formação profissional, onde se apertavam, à soleira da porta, seis risinhos de igual número de mulheres ansiosas pelo beijinho da praxe. "Só por esta simpatia já valeu a pena vir a Silves", comentou Edgar, também sorridente.

A visita ao Algarve serviu para dar o mote do tema do dia, a regionalização, assunto que, como lembrou o candidato, "é muito valorizado" pela sua candidatura "como conquista de abril que é, com a sua consagração constitucional". No seu entender um referendo aos portugueses sobre esta matéria é "desnecessário", estando a regionalização e a descentralização "previstas constitucionalmente". "Não vale a pena criar mais dificuldades", afirmou. Edgar Silva entende que o Algarve "há muito deveria ser uma região, como as regiões da Madeira e dos Açores, com autonomia administrativa, com meios e órgãos institucionais próprios". O candidato pensa que o Presidente a República "deve ser o paladino da regionalização e ter um papel ativo na promoção das autonomias regionais", sublinhando a "urgência de existir uma visão regional e descentralizada que potencie as capacidades, as competências e os recursos locais".

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