É "um tormento" governar nas atuais circunstâncias

O secretário de Estado da Saúde confessou hoje que é "um tormento" governar nas atuais circunstâncias
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"Estamos a viver um fenómeno que tem aspetos muito positivos. Os portugueses perceberam, ao contrário do que lhes tinha sido vendido antes, que afinal o país podia crescer repondo vencimentos. (...) Esta expetativa criou uma perversão, que é a perversão de que tudo se pode conquistar rapidamente (...). Ficou a ideia errada de que não só podíamos avançar na reposição de rendimentos, mas que essa reposição era infinita", afirmou Manuel Delgado à agência Lusa, à margem de uma conferência hoje em Lisboa.

No Serviço Nacional de Saúde, lembrou o governante, são 130 mil profissionais "com carreira e remunerações muito diferentes e cada uma com os seus interesses próprios".

[citacao:É um mosaico tão complexo, por forma a conseguirmos ter propostas que sejam razoáveis para esse grupo profissional mas que não contaminem a relação que temos com outros grupos profissionais. Se dou dinheiro a este ou suplemento àquele grupo, imediatamente me caem em cima a dizer 'eu também quero]

O secretário de Estado lembra que o Governo "não tem condições para responder a todas as reivindicações" que os profissionais apresentam, decorrendo daí a "dificuldade em chegar a acordos".

"Este é o drama. Por isso é que dizia que é um tormento governar nestas circunstâncias", afirmou Manuel Delgado à Lusa, depois de ter deixado a mesma ideia na conferência organizada hoje pela associação da indústria farmacêutica (Apifarma).

O Governo tem estado sobretudo em negociações com sindicatos médicos e de enfermeiros e o secretário de Estado frisa que este tipo de negociações tem "consequência financeira, representa encargos".

[destaque:Na conferência sobre medicamentos oncológicos, Manuel Delgado recordou que "os recursos na saúde são insuficientes para responder a todas as solicitações, de doentes e profissionais", atendendo a que "nem sempre são coincidentes, nem no tempo nem no modo"]

Sobre a proposta da Ordem dos Médicos para realizar um congresso nacional para a saúde, o governante considerou a ideia louvável, mas indicou que aumentar o orçamento para o setor não depende apenas da vontade.

"Não é fácil estar a tirar recursos financeiros de outras áreas", afirmou, embora reconheça que é positivo que se faça pressão para a saúde ter mais dinheiro.

Quanto à perspetiva de o Orçamento de Estado para 2018 na Saúde, Manuel Delgado lembrou que a área tem visto a despesa crescer e que o orçamento do próximo ano deverá ser superior, embora não se possa esperar um "crescimento espetacular".

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