A única queixa que os diretores de escolas públicas têm para fazer em relação ao Programa Escola Segura da PSP, iniciado em 1992, é ter carência de meios e de recursos humanos. Mas a sua importância preventiva é assinalada pelas associações que congregam estes responsáveis. Na escola básica Dr.Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, a PSP é presença frequente há anos, mas a filosofia do estabelecimento é a de que todos devem zelar pela segurança do espaço. "Cada funcionário tem uma arma: o intercomunicador", afirma Filinto Lima, diretor da escola pública e presidente da ANDAEP (associação nacional de diretores de agrupamentos e escolas públicas).."Se o funcionário da portaria se aperceber de que pode estar a acontecer uma rixa no recreio avisa o auxiliar vigilante pelo intercomunicador. Temos um funcionário permanentemente no recreio atento a tudo o que se passa"..Num recinto escolar frequentado por 1100 alunos as preocupações com o bem estar de todos sempre foram valorizadas. "Temos cinco câmeras de videovigilância nos recreios. Não gravam, filmam em direto em tempo real e as imagens são visualizadas por um funcionário que está na portaria com um monitor".Até agora a polícia só foi chamada duas vezes, sempre por factos ocorridos fora do recinto escolar. "O que queríamos é que os recursos humanos e físicos da Escola Segura fossem reforçados. Por exemplo não faz sentido uma patrulha de dois agentes ter de patrulhar 10, 20 escolas e andar a pé e isso acontece em algumas zonas"..Filinto Lima garante que "atualmente muitos dos problemas são trazidos de fora da escola para dentro e estão muito ligados aos contactos dos alunos nas redes sociais. Há muito o cyberbullying, humilhações e insultos na internet"..O representante dos 811 diretores de escolas públicas no país destaca ainda a importância da formação que os agentes da PSP Escola Segura dão, em sala de aula, aos alunos "sensibilizando-os para problemas como o bullying ou o abuso de drogas"..Longe da insegurança das periferias dos grandes centros urbanos está António Pereira, diretor de uma escola TEIP (território educativo de intervenção prioritária) em Cinfães do Douro e presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) . "Os problemas que temos relacionam-se com aprendizagem e não com insegurança". Com a PSP a parceria corre bem, garante. "Os agentes por vezes entram mesmo na escola e vêm falar connosco, para além de fazerem a vigilância habitual no perímetro ". Aponta apenas a falta de recursos. "Aqui na zona há vários agrupamentos escolares e apenas uma equipa da Escola Segura . Os polícias queixam-se quase sempre da falta de recursos humanos porque alguns deles têm de ser desviados para outras atividades fora do Programa"..O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, Jorge Ascenção, realça que "as escolas têm os problemas que a sociedade tem. O programa Escola Segura foi dissuasor da criminalidade como é a polícia nas ruas". Mas destaca que a sua importância não é só na prevenção. "Trabalhamos em conjunto com a PSP para fazer sessões de esclarecimento sobre alguns sinais de alerta para fenómenos que emergem como o cyberbullying. Do que conhecemos, os agentes estão bem preparados para a função, por vezes não existem é em número suficiente".