Direita europeia dá a mão a Maria Luís Albuquerque
Maria Luís Albuquerque vai ser uma das principais oradoras de uma conferência que o Partido Popular Europeu (PPE) vai realizar no dia 4 de abril, em Bruxelas, sob o mote: "A União Europeia no futuro da economia global: liderar ou ser liderado." A ex-ministra foi escolhida - revelou fonte comunitária ao DN - pelo "prestígio que adquiriu, como uma das ministras mais competentes do PPE no Eurogrupo".
O PPE - da família europeia do PSD e que inclui partidos de figuras como Angela Merkel, Nicholas Sarkozy ou Silvio Berlusconi - fez o convite diretamente a Maria Luís Albuquerque, sem passar pelo PSD. A direita europeia puxa assim pela ex-ministra, numa altura em que é questionada pelo facto de ter aceite o cargo de diretora não executiva da gestora financeira britânica Arrow Global, que irá acumular com o de deputada.
A prova da importância deste encontro é que o discurso de abertura do painel fica a cargo do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Logo de seguida tem a palavra Maria Luís Albuquerque, depois a vice-presidente do PPE Dara Murphy, segue-se o chairman da mesa-redonda dos Industriais Europeus, Benoit Portier, e, por fim, o colunista-chefe para os assuntos económicos do Financial Times, Martin Wolf.
Um dia após o congresso
A conferência realiza-se, precisamente, no dia 4 de abril, um dia após terminar o XXXVI Congresso do PSD, que se realiza em Espinho. O futuro de Maria Luís Albuquerque no PSD também se joga, em parte na reunião magna dos sociais-democratas. Passos Coelho vai ter de mexer na direção nacional (comissão política) e a ex-ministra já foi falada nos bastidores do partido como uma das hipóteses para vice-presidente daquele órgão. Ou, em alternativa, para encabeçar a lista apoiada por Passos Coelho ao Conselho Nacional (em 2014, o escolhido foi Miguel Relvas).
[artigo:5068411]
O ex-líder do PSD Luís Marques Mendes já disse que acredita que a história da Arrow prejudicou o futuro de Maria Luís no PSD, considerando um "tiro no pé". Ainda assim Passos Coelho defendeu-a de forma quase incondicional.
Passos e Maria Luís sempre tiveram uma boa relação, mas desde que o governo foi derrubado no Parlamento em novembro a ex-ministra disse algumas vezes "não" ao presidente do partido, quando este lhe pediu para justificar alguns assuntos relativos à governação (a exceção foi na não devolução da sobretaxa, em que prestou esclarecimentos).
Ainda esse resguardar que Maria Luís escolheu para si própria não foi suficiente para o presidente do partido lhe tirar o tapete, quando teve oportunidade. Quando rebentou a polémica da Arrow, Passos destacou que Maria Luís se trata de "uma pessoa não só com muito prestigio e capacidade, como uma pessoa moralmente muito forte, à qual ninguém aponta qualquer problema de natureza ética ou moral". O presidente do partido acrescentou ainda que voltaria a contar com Maria Luís Albuquerque para ministra ou até vê-la em outras funções: "Essa circunstância permite-me dizer que ela está candidatável a qualquer lugar na política portuguesa ou num futuro governo português."
[artigo:5064118]