Atual curso de comandos suspenso para "avaliação clínica" dos militares
O atual curso de comandos foi suspenso temporariamente para a "execução de uma avaliação clínica aos formandos". Os 61 militares do 127º curso vão ser avaliados clinicamente no Centro de Saúde Militar de Coimbra e só depois o curso poderá ser retomado, informou esta tarde o Exército.
O curso previsto para o próximo ano está, no entanto, suspenso indefinidamente até ficar concluída uma inspeção técnica extraordinária às provas de classificação e seleção para os cursos, conforme anunciado pelo ministro da Defesa esta manhã, depois de uma decisão do chefe do Estado-Maior do Exército.
O tenente-coronel Vicente Pereira explicou ao DN que os militares fazem exames clínicos quando ingressam no curso e que esta avaliação complementar será determinada pelos médicos do centro, que farão os exames que acharem necessários.
O 127º curso começou no domingo passado com 67 formandos - 3 oficiais, 7 sargentos e 57 soldados - e tem a duração de doze semanas. Ficou marcado pela morte de um militar, Hugo Abreu, no domingo, na sequência de um golpe de calor, e pelo internamento de outros cinco. Um dos formandos, Dylan Araújo da Silva, mantém-se internado no Hospital Curry Cabral e está em lista de espera para um transplante de fígado, depois de ter entrado em falência hepática.
O anúncio de que os próximos cursos estão suspensos foi feito esta manhã pelo ministro Azeredo Lopes, em declarações à RTP 3. "Em articulação com chefe do Estado-Maior do Exército acabei há minutos de ser informado que foi determinado um inquérito técnico especial sobre a formação e treino dos comandos e que além disso, até que esse inquérito específico sobre o modo como são treinados e formados comandos, estão suspensos os cursos de comandos", explicou o ministro.
Azeredo Lopes diz que "isto não resulta, por ora, na extinção do curso de comandos, mas resulta numa paragem, numa suspensão até se conhecer exatamente aquilo que não propriamente aconteceu no dia que determinou esta morte e estas pessoas feridas [morreu um militar e outros dez foram hospitalizados), mas sobre as condições gerais em que está a ser feito o treino e a formação dos comandos".
Os Comandos do Exército são uma força especial que voltou ao ativo em 2002, após ter sido em extinta em 1993.
Além do inquérito instaurado pelo chefe do Estado-Maior do Exército, a Procuradoria-Geral da República também abriu uma investigação.