Cimeira de Lisboa apoia reunificação de Chipre e pretende sucesso de resgate na Grécia

O processo negocial sobre Chipre, conheceu um novo impulso na sequência das recentes conversações diretas em Genebra patrocinadas pela ONU

Os sete países do sul da União Europeia (UE) reunidos hoje em Lisboa manifestaram apoio ao processo de reunificação de Chipre e encorajaram a conclusão com sucesso da segunda avaliação do programa de resgate grego, refere a declaração final.

Os chefes de Estado e de Governo de Portugal, Espanha, Grécia, Malta, França, Itália e Chipre reuniram-se hoje em Lisboa, pela segunda vez, depois de uma primeira cimeira, em setembro passado, em Atenas.

"Reiteramos o nosso apoio ao processo em curso sobre a reunificação de Chipre, sem garantias, na linha das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e o 'acquis' da UE e sob a liderança do novo secretário-geral das Nações Unidas", refere o texto.

"Recordamos que a República de Chipre permanecerá um membro da nossa União após o acordo, e que ser membro da UE é a melhor garantia para um Chipre reunificado".

O processo negocial sobre Chipre, conheceu um novo impulso na sequência das recentes conversações diretas em Genebra patrocinadas pela ONU e foi um dos temas abordados pelo Presidente da República de Chipre, Nikos Anastasiades, na declaração final comum que juntou os seis líderes (o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, regressou mais cedo a La Valletta).

Nas suas declarações, o Presidente de Chipre - a parte grega da ilha, internacionalmente reconhecida e membro da União desde 2004 - agradeceu "calorosamente" a compreensão da UE e dos presentes sobre a situação em Chipre, e disse ter informado os seus homólogos sobre o atual estado do processo negocial, incluindo os obstáculos que ainda prevalecem.

"Para que haja progresso têm de se criar as condições que permitam a todos os cidadãos de Chipre, cipriotas gregos e cipriotas turcos, a paz e prosperidade", assinalou.

Chipre foi também o tema abordado pelo primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, um dos três países "garantes" da independência da ilha, com o Reino Unido e Turquia, e que enviaram os chefes das diplomacias às negociações de Genebra.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro grego declarou em entrevista a um diário de Atenas que não vislumbra de momento qualquer base para um acordo.

Nas suas declarações de hoje, em Lisboa, Tsipras limitou-se a assinalar "os esforços de Nikos Anastasiades no sentido de haver uma resolução justa para a questão cipriota".

"Apoiamos os esforços no sentido que volte a crescer a coesão social nos países do sul da Europa afetados acima de todos pelas últimas crises", referiu Tsipras.

Chipre e a Grécia insistem que qualquer acordo de paz deve implicar a retirada das tropas turcas e novos acordos de segurança, com o fim do estatuto de "potências garantes" atribuído ao Reino Unido, antiga potência colonial, Turquia e Grécia na sequência da independência em 1960.

Mas Ancara considera que as suas tropas são uma "força de estabilidade" para a população da população cipriota turca, minoritária na ilha. A Turquia possui cerca de 30.000 soldados na autoproclamada RTCN, contra cerca de 1.000 enviados pela Grécia e estacionados na República de Chipre.

No comunicado final, os sete responsáveis também "encorajam" uma rápida e bem-sucedida conclusão da segunda revisão do programa de resgate aplicado à Grécia (o terceiro, em vigor desde julho de 2015), "no respeito integral dos valores democráticos e constitucionais, e no interesse de toda a zona euro".

Tsipras, nas suas declarações, enfatizou esta posição, ao sublinhar que a Grécia precisa de "solidariedade" no âmbito da segunda avaliação do seu programa.

"Esta é a mensagem de solidariedade que acaba por vencer sobre outras visões, que visam mais um isolamento e que podem levar apenas ao isolamento e à fratura. A Europa precisa hoje de unidade, determinação, para seguirmos em frente em proveito dos nossos povos", frisou.

O apelo de Tsipras coincide com sinais de tensão entre Atenas e os credores, em particular sobre a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) no plano de resgate europeu, exigida nomeadamente pela Alemanha, e que parece comprometida.

Um recente relatório confidencial do FMI considera "explosiva" a dívida do país e sugere como medida mais "credível" uma atenuação da dívida prometida pelo Eurogrupo.

Sem medidas atenuantes, a dívida grega deveria assim atingir 275% do PIB em 2060, contra os atuais 180%, indica ainda o documento que deve ser discutido pelos Estados-membros do FMI em 06 de fevereiro.

Este diagnóstico implica que o FMI não está em situação de contribuir financeiramente para o terceiro programa de resgate, ao contrário do que sucedeu nos dois anteriores, em 2010 e 2012.

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