Chefs português e espanhol cozinham para líderes da UE
A José Avillez caberá confecionar a sopa (um creme de castanhas) e a sobremesa (um mil folhas de pastel de nata; já o galego Pepe Solla terá por sua conta o prato principal, uma pescada de Celeiro, uma das referências do menu do seu restaurante, a Casa Solla, em Pontevedra.
Ambos são estrelas Michelin, um é português e o outro espanhol, e foi esta a forma de encerrar em Bruxelas, no jantar de quinta-feira do Conselho Europeu, as celebrações dos 30 anos da adesão dos dois países ibéricos à então CEE, hoje União Europeia. António Costa teve a ideia e pediu ao seu homólogo espanhol, Mariano Rajoy, que se lhe associasse, o que aconteceu.
O chefe do governo quer também simbolizar com esta iniciativa a "consonância" com Rajoy no empenhamento na construção europeia. Isto além da boa relação entre os dois governos - uma relação que não quer condicionada pelo facto de os dois pertencerem a famílias políticas europeias diferentes e concorrenciais entre si (Costa é socialista e Rajoy conservador de centro-direita).
No jantar de quinta-feira, além dos chefes de governo (ou de Estado) dos 28 Estados membros da UE, participarão também o presidente do Conselheiro Europeu, o polaco Donald Tusk, e o presidente da Comissão Europeia, o luxemburguês Jean-Claude Juncker. Os vinhos serão também ibéricos.
Crise migratória na agenda
O problema da resposta europeia às crises migratórias originadas pelas guerras na Síria e no Iraque vai estar no centro das preocupações dos participantes em mais uma cimeira europeia.
"É importante que neste Conselho possamos fazer uma primeira avaliação do funcionamento da guarda costeira e de fronteiras, cuja operação se iniciou em outubro passado", disse, na semana passada, o primeiro-ministro, no decorrer de um debate no Parlamento.
Para o chefe do governo, é também necessário executar o programa de parcerias com os países africanos "tendo em vista reduzir na origem" a crise migratória e assegurar um "ambicioso plano definido para África tendo em vista diminuir essa pressão". "Acompanhamos a necessidade de haver uma revisão da política comum de asilo. Mas estamos firmemente convencidos de que essa revisão não pode sacrificar algo de essencial: o dever de solidariedade entre todos os Estados membros."
Segundo afirmou, "não podemos ter a ilusão de que a crise migratória ficou ultrapassada". "As rotas no Mediterrâneo central rumo à Itália e no Mediterrâneo Ocidental rumo à Espanha têm vindo a aumentar e exigem uma resposta ativa de todos nós."