CDS-PP considera que o Governo está mais longe das metas orçamentais

Deputado salienta que a economia portuguesa está a crescer "muito pouco" e está "a desacelerar"
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O crescimento da economia em 0,2% entre abril e junho face ao primeiro trimestre, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), afastam o governo das metas orçamentais e colocam os portugueses "mais perto de dificuldades", considerou hoje o CDS-PP.

"As metas que o Governo tinha para este ano estão mais longe e as dificuldades que os portugueses podem vir a ter estão mais perto e isso, para nós, não é uma boa notícia", afirmou, no parlamento, Pedro Mota Soares.

Segundo o INE, a economia portuguesa avançou 0,8% em termos homólogos, registando uma desaceleração perante o crescimento de 0,9% no trimestre anterior.

De acordo com a estimativa rápida das contas nacionais no segundo trimestre, em termos homólogos, "a procura externa líquida passou a ter um contributo ligeiramente positivo, refletindo a desaceleração mais acentuada das importações de bens e serviços em comparação com a das exportações de bens e serviços".

"É uma notícia má para a economia portuguesa. Ao longo deste ano, sempre que tivemos dados do crescimento económico, esses dados são maus e são até piores do que o que se estava à espera", lamentou o deputado e dirigente centrista Pedro Mota Soares.

O deputado salientou que "a economia portuguesa está a crescer muito pouco, está até a desacelerar" e que Portugal "cresceu metade do que está crescer a zona euro" e "cresceu em 2016 metade do que cresceu em 2015 com um governo diferente, com um modelo de crescimento económico diferente".

"Portugal tinha um modelo de crescimento económico assente nas exportações, assente no investimento e assente na procura interna e este Governo tem atacado o crescimento económico, tem atacado a atividade económica, o investimento está a cair, [e] o investimento privado caiu muito", criticou.

O antigo ministro da Solidariedade, no governo PSD/CDS-PP, acrescentou que "até o investimento público está abaixo do investimento público do ano passado, as exportações caíram em agosto mais 02%, o que é muito, e certamente que não é a procura interna que consegue compensar o que está a acontecer de falta de confiança na economia".

Os dados agora conhecidos, reforçou, "colocam o governo mais longe das suas metas orçamentais e os portugueses mais perto de dificuldades e de sacrifícios".

"A verdade é que não temos um governo junto das empresas exportadoras, a ajudar as empresas exportadoras a ganharem até novos mercados, como tivemos no passado", disse Mota Soares.

O deputado "centrista" apontou o exemplo de Espanha e França, que estão a crescer o dobro do que Portugal, e acusou que o Governo "não acredita no investimento, não acredita nas exportações, só acredita na procura interna e isso tem um reflexo do ponto de vista deste crescimento económico".

"O próprio investimento público este ano está abaixo do investimento público de 2015, que na altura era muito criticado pelo Partido Comunista, pelo Bloco de Esquerda e pelo Partido Socialista como sendo pouco, a verdade é que este Governo das Esquerdas está até do ponto de vista do investimento público abaixo daquilo que aconteceu o ano passado", frisou.

Para Mota Soares, "há de facto um problema de confiança na economia portuguesa, os dados do investimento são muito preocupantes nesse mesmo sentido e certamente que não é a procura interna que vai conseguir suplantar tudo isso".

"Do ponto de vista da nossa economia, nós já conhecemos os resultados de metade do ano, estamos muito longe da meta que o governo inscreveu no Orçamento [do Estado para 2016], que era 1,8, [e] estamos até longe da meta que o Governo agora falou a Bruxelas", para evitar as sanções por incumprimento da meta do défice, afirmou.

O INE informou que "o contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu significativamente, observando-se um crescimento menos intenso do consumo privado e uma redução mais expressiva do investimento".

Em comparação com o primeiro trimestre de 2016, a melhoria do PIB em 0,2% de abril a junho é justificada pelo INE com o contributo positivo da "procura externa líquida, enquanto a procura interna registou um contributo nulo".

Os resultados correntes das Contas Nacionais Trimestrais do segundo trimestre de 2016 serão divulgados pelo INE no dia 31 de agosto.

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