Corrupção. Ofereciam decisões favoráveis a troco de dinheiro
Três pessoas foram hoje detidas pela PSP no âmbito das buscas domiciliárias efetuadas à vários organismos públicos por suspeitas de corrupção, falsificação de documentos e associação criminosa, disse à Lusa fonte da polícia.
As instalações do Instituto de Mobilidade e dos Transportes (IMT), a Divisão de Trânsito da PSP e a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), em Lisboa, foram alvo de buscas por parte da Divisão de investigação Criminal da PSP. De acordo com fonte oficial, havia dois mandados de detenção e 31 mandados de busca para cumprir.
Em causa estavam suspeitas dos crimes de associação criminosa, corrupção, denegação de justiça e prevaricação, falsificação de documentos, falsidade informática e violação de segredo por funcionário, segundo informou ao DN o comissário Sérgio Soares, do comando metropolitano da PSP, que confirmou que se tratava de "matéria de trânsito".
Segundo a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), também um escritório de advogados e instalações do Automóvel Clube de Portugal (ACP) foram alvo de buscas.
O organismo acrescenta que elementos da divisão de trânsito da Polícia de Segurança Pública (PSP), funcionários e juristas da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), ACP e advogados dedicavam-se, pelo menos desde 2015, a identificar condutores que tinham sido alvo de contraordenações através do acesso indevido a bases de dados informáticos relacionados com a gestão de autos -- SCOR e SIGA. A troco de vantagens pecuniárias, eram obtidas decisões favoráveis aos condutores alvo de contraordenações de modo a eliminarem os dados do seu Registo Nacional de Condutores (RNC) ou a conseguirem segundas vias de cartas de condução.
Um dos detidos exerceu funções na secção de contraordenações rodoviárias da Divisão de Transito da PSP, refere a PGDL, que informa ainda que um dos três detidos está indiciado pelo crime de detenção de arma proibida.
A investigação, levada a cabo pela Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa, sob a direção da 9.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, já durava há cerca de ano e meio.
As instalações do IMT, na Avenida Elias Garcia, estão encerradas e os funcionários foram mandados sair do local.
(Atualizada às 13:40 com informações acerca do modus operandi dos suspeitos)