A melhor defesa é o ataque: Costa defende Vieira da Silva e atira-se a Cristas
O último debate quinzenal do ano foi duro entre o primeiro-ministro e a direita, mas a esquerda parlamentar que apoia o Governo socialista também deixou críticas por causa dos CTT. Sob fogo, António Costa jogou ao ataque, sobretudo no arremesso ao PSD e ao CDS. A anunciada reestruturação dos Correios, com o anúncio dos inevitáveis despedimentos, preocupa o primeiro-ministro, mas em termos que mereceram as críticas de bloquistas, comunistas e ecologistas. Para Catarina Martins, do BE, os atuais acionistas estão a pilhar um negócio que, antes da privatização, dava lucro. Costa não acompanhou os termos, embora o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, tenha apontado o dedo ao facto do primeiro-ministro não se ter demarcado desta expressão.
Hugo Soares protagonizou o primeiro momento mais aceso com Costa, por causa do caso da Raríssimas. O líder da bancada do PSD pegou no código de conduta aprovado por este Governo para acusar Vieira da Silva de o violar. Costa recusou a interpretação de Soares: "Não, não violou o código de conduta." E desafiou o presidente do grupo parlamentar social-democrata: "Acuse", se tem algo para acusar. Na réplica, Hugo Soares disse: "Os senhores sabem a resposta e têm medo da resposta: sim, o sr. ministro Vieira da Silva, nos termos do código de conduta, violou o código de conduta."
Sobre o Montepio, o primeiro-ministro repetiu que não há ainda negócio e que a Santa Casa não decidiu ainda nada, socorrendo-se de um comunicado de Santana Lopes, da véspera, onde o ex-provedor da Santa Casa e agora candidato à presidência do PSD escreveu: "Como o tema merece, e tem despertado a natural atenção da sociedade portuguesa, entendo hoje fazer as seguintes precisões: o tema foi de facto, suscitado e tratado em reuniões havidas com o Governo e com o Banco de Portugal. Da parte dessas entidades, a matéria foi tratada com a SCML com a devida correção pessoal e institucional. As duas entidades assumiram ver com bons olhos essa possibilidade, tendo declarado sempre que respeitavam a esfera da autonomia da SCML."
Com Assunção Cristas, o tom é, desde há semanas, muito pouco conciliador. E hoje não foi exceção. Para António Costa, o ano que agora termina "é negro seguramente para quem sofreu" com a morte dos seus. "Mas devia ser muito mais negro para quem não tem o despudor de aproveitar a dor dos outros", apontou. "Quando não lhe resta mais nada a não ser o insulto e explorar a dor alheia", criticou. Assunção Cristas tinha questionado a resposta do Governo nos incêndios, a continuidade de Vieira da Silva por causa da Raríssimas, acusando ainda o primeiro-ministro de não fazer nada para mediar o conflito na Autoeuropa.
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