Augusto Santos Silva pede desculpa aos parceiros sociais

Ministro dos Negócios Estrangeiros comparou concertação social a uma feira de gado. Admite que usou palavras "inapropriadas"
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O ministro Augusto Santos Silva pediu desculpa aos parceiros sociais, depois de ter comparado a concertação social a uma feira de gado. Em declarações à TSF, o ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu que usou palavras "excessivas" e "inapropriadas".

"Ali o Vieira da Silva conseguiu mais um acordo! Ó Zé António, és o maior! Grande negociante... Era como uma feira de gado! Foram todos menos a CGTP? Parabéns", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, esquecendo a presença da comunicação social durante o jantar de Natal do grupo parlamentar socialista. O momento foi captado pela TVI e transmitido na rubrica de Victor Moura Pinto.

"Só tenho de precisar que se tratou de uma conversa privada antes do início do jantar e que o disse num tom de brincadeira a um colega e amigo de muitos anos José António Vieira da Silva: que ele tinha feito um excelente acordo e que tinha provado ser um bom negociador", começa por esclarecer Augusto Santos Silva.

"Lamentavelmente disse negociante em vez de negociador e comparei a negociação a uma negociação numa feira de gado. O que queria era mostrar a dureza da negociação, a complexidade das transações, e a honradez das partes, pois é isso caracteriza uma feira, na qual a palavra dada vale por si mesma. Mas reconheço que essas palavras foram inapropriadas, foram excessivas", acrescentou o ministro à TSF.

"Reparei hoje que suscitaram desconforto entre os parceiros sociais e queria pedir-lhes desculpa por isso", disse ainda Santos Silva, referindo-se à manchete do jornal i, que ouviu os vários parceiros sociais acerca do comentário do governante.

"A concertação social é um pilar essencial de um Estado democrático e o facto de este ano ter sido possível concluir dois acordos de concertação social - sobre o salário mínimo e a contratação coletiva - é um elemento muito importante para a estabilização da nossa vida coletiva, um elemento no qual a participação dos parceiros sociais foi e é decisiva", elogiou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

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Depois de a comparação de Santos Silva ter sido revelada pela TVI, o jornal i ouviu hoje os parceiros sociais. O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) disse não achar as declarações algo "apropriado". António Saraiva, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) defendeu que "para um ministro dos Negócios Estrangeiros, [Santos Silva] usou pouca diplomacia". João Abrão, da UGT considerou que a comparação "vale o que vale".

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