Associação Luz Serena angaria dinheiro ilegalmente
O Ministério da Administração Interna tinha proibido a associação de fazer peditórios, depois de a GNR ter descoberto a utilização de documentos adulterados
Uma associação que alega ser de ajuda humanitária, a Luz Serena, angaria dinheiro ilegalmente para "supostas crianças em risco" no hipermercado Jumbo, num centro comercial em Rio Tinto, no distrito do Porto.
O peditório é feito por cinco jovens voluntários, sem qualquer identificação, que recolhem o dinheiro enquanto fazem embrulhos de Natal das nove da manhã às onze da noite. "Nós informamos que a cada cinco euros conseguimos garantir um dia completo de alimentação para uma pessoa, mas cada um contribui com o que quiser", explica um dos jovens aos clientes.
O caso foi reportado pelo "Sexta às 9" da RTP, que se deslocou até à sede da instituição, em Marco de Canaveses, no Porto. A associação - que visa apoiar idosos, crianças desfavorecidas, vítimas de maus-tratos, de violência doméstica, apoio a deficientes e atividades de reinserção social e profissional - não é uma instituição reconhecida a nível jurídico.
Apesar de ainda não fazer parte da rede social do concelho, é um "centro de acolhimento de menores" que recebe "famílias reencaminhadas pela Segurança Social", alega a responsável pela Luz Serena. No entanto, a Segurança Social nega qualquer protocolo e o envio de benefícios para a entidade.
Num esclarecimento público, citado pela RTP, a autarquia refere que "a CPCJ [Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco] local não reconhece [à associação] qualquer tipo de resposta na área dos menores em risco"; "no que respeita à violência doméstica não há registo de qualquer tipo de intervenção concelhia, ou qualquer tipo de encaminhamento pelas forças policiais locais"; "no que respeita à população com deficiência não reconhece qualquer parceria ou intervenção junto desta população".
A Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna tinha proibido, em outubro, a associação de fazer peditórios, depois da GNR ter descoberto a utilização de documentos adulterados.
A cadeia de hipermercados do Continente suspendeu os peditórios a nível nacional apenas esta quarta-feira, dia 20 de dezembro, depois da missão do "Sexta às 9"