Ângelo Correia defende candidatura de Rui Rio a líder do PSD
Ângelo Correia defendeu hoje, em entrevista ao jornal i, que Rui Rio deverá candidatar-se a líder do PSD nas próximas diretas do partido, e previu que Paulo Portas será candidato presidencial daqui a 10 anos.
Numa entrevista de cinco páginas, Ângelo Correia, considerado como padrinho político de Pedro Passos Coelho, afirma que o antigo primeiro-ministro irá continuar como líder do Partido Social Democrata, mas que Rui Rio deverá candidatar-se nas diretas seguintes, antes do congresso.
"Pedro Passos Coelho vai ser o próximo líder do PSD. Não vai ter oposição. Se todavia, pensar no congresso seguinte, daqui a dois anos, já não tenho essa mesma certeza", afirmou o ministro da Administração Interna de Francisco Pinto Balsemão em 1981.
O militante do PSD lamentou que Rui Rio, a quem reconhece "méritos e qualidades", se tenha "empenhado excessivamente" na campanha presidencial e não tenha saído desta mais cedo, pois considera que este não é candidato presidencial, mas sim "uma pessoa que pode ser líder do PSD".
"Disse-o há quatro anos numa entrevista, quando Passos Coelho tinha acabado de ser eleito. Perguntaram-me: quem é o sucessor? E eu respondi: talvez Rui Rio", afirmou, lembrando que o antigo presidente da câmara do Porto já está a ser pressionado para dar esse passo, mas que só avançará quando "tiver reais condições nacionais para avançar".
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Ângelo Correia conheceu Pedro Passos Coelho há 25 anos quando aquele era líder da JSD, tornando-se amigos sendo por muitos considerado como o padrinho político do ex-primeiro ministro. No entanto, desiludiu-se com aquele que lhe parecera em tempos um "jovem prometedor", logo no início do mandato do governante e cada um seguiu o seu caminho.
Ângelo Correia considerou como uma atitude "lógica e correta" a de Paulo Portas, ao ter saído de cena política, lembrando que este estava há muitos anos como presidente do CDS e que ia ser sempre o número dois de Passos Coelho ou de alguém que o substituísse. Com a decisão tomada poderá, dentro de 10 anos, candidatar-se à presidência da República.
O militante do PSD lembrou ainda o facto de o partido "não poder passar o tempo fingindo que não se passou nada, quando provocou mudanças profundas na sociedade portuguesa".
"Evitou o colapso financeiro do país, com custos sociais enormes - custos sociais e emocionais. E, como tal, é preciso fazer uma reflexão sobre isso. O PSD não pode passar como se nada tivesse acontecido. É preciso saber qual o grau de adesão e a que programa. Ao seu? Ao da 'troika'? Ou há um novo", sublinhou.
Ângelo Correia referiu que se o Partido Social Democrata não se repensar terá sempre o ónus "uma etiqueta na testa: partido da austeridade. E, portanto, se quer voltar a ser poder é obrigado a mudar de lideranças, ou a liderança de líder. A liderança de toda a máquina que esteve envolvida em tudo isto, que definiu isto, que apoiou isto, e que não fez sequer um juízo crítico para si próprio. Se isto era justificável e se era correto. Se não o fizer, o partido tem dificuldades de um dia voltar ao poder", advertiu.
Ângelo Correia apoia Marcelo Rebelo de Sousa à presidência, assegurando que a campanha está a ser "interessantíssima", e aplaude a estratégia de este ter isentado da sua campanha a classe política.
O militante do PSD mostrou-se convicto de que Marcelo poderá ser eleito à primeira volta, lembrando que o facto dos outros nove candidatos se unirem contra ele faz do professor "alguém muito importante".
Quanto a Cavaco Silva, Ângelo Correia considera que o ainda presidente da República está em "condições de ir para casa. Para o convento", aludindo que no convento se podem fazer "coisas muito importantes" como "atos de arrependimento, de oração, de penitência, de ligação com a potestade divina".