André Ventura e Inês Sousa Real trocam acusações de serem muletas de outros
André Ventura e Inês de Sousa Real, líderes partidários com pouco mais em comum além de ambos contribuírem financeiramente para associações de defesa animal, embora um saliente dar esse destino ao aumento de vencimento dos deputados a que o seu partido ruidosamente se opõe, enquanto a outra destaca ser errado anunciar beneficência, encontraram-se no segundo debate televisivo das legislativas de 18 de maio, nesta noite de segunda-feira, na RTP3. A certo momento, o moderador mencionou a elevada percentagem de indecisos que algumas sondagens detetam, mas dificilmente haverá muitos que o estejam entre o presidente do Chega e a porta-voz do PAN.
As acusações cruzadas entre os dois líderes partidários marcaram o debate desde o início. Os dados sobre o aumento dos crimes de violência sexual levou André Ventura a dizer que a manifestação realizada no sábado passado, junto à Assembleia da República, deveria ter sido feita “à porta de partidos como o PAN”, por se oporem ao agravamento de penas, castração química de violadores e expulsão de estrangeiros condenados. Inês de Sousa Real contrapôs que a castração química é contrária à Constituição, salientando que a prioridade do seu partido é que a violação passe a ser um crime público e que as plataformas online utilizadas para difundir imagens de violência sexual sejam responsabilizadas. Num momento de pura troca de ataques, a porta-voz do PAN sugeriu a Ventura que aplicasse a castração química na bancada parlamentar do Chega, levando o interlocutor a referir-se a um caso de assédio relacionado com um colaborador de Sousa Real.
Ter acusado o PAN de ser “uma muleta do PS e do PSD para manter o sistema judicial como está” provocou uma nova escalada de conflitualidade. Inês de Sousa Real ripostou, alegando que Ventura pediu para fazer parte do Governo de Luís Montenegro, levando o líder do Chega a dizer que “ninguém combateu mais a corrupção” do que o seu partido. Algo que o levou a apresentar o PAN como “uma muleta da corrupção de Albuquerque”, aludindo ao apoio parlamentar que a então deputada única do PAN deu ao Governo Regional da Madeira. “Inês de Sousa Real sustentou a corrupção de Miguel Albuquerque”, sustentou.
Num debate que começou com referências à “imigração descontrolada”, e acusações de que o PAN “contribuiu para esta bandalheira”, Sousa Real disse que a imigração contribui para Portugal e que “está na hora de André Ventura deixar de mentir às pessoas”. Pelo contrário, salientou que o seu partido foi, entre a oposição, aquele que mais propostas de alteração conseguiu fazer aprovar no Orçamento do Estado para 2025.
Ainda houve tempo para falar do preço dos combustíveis, de sustentabilidade ambiental, de touradas e de abates de animais pelo método halal, utilizado por imigrantes muçulmanos. Ventura disse que o PAN é “um partido radical e ideologicamente vazio”, tal como Sousa Real conotara o Chega com o “lodaçal” em que se terá converteu o debate político em Portugal, enumerando episódios de bodyshaming que garantiu terem partido da bancada do partido de André Ventura,