Ninguém lhe “pediu para ser moderado” e é precisamente esse rótulo que Bruno Mascarenhas rejeitou na apresentação da sua candidatura à presidência da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Por isso, o até agora deputado municipal não teve pudor em desfiar algumas das opiniões e propostas que tem para a capital, tudo com um objetivo: “Devolver a cidade aos lisboetas.”Para Bruno Mascarenhas, há algumas medidas que podem ser tomadas. Desde logo “há que mudar a situação das pessoas sem-abrigo, retirar pobreza das ruas”. Mas, além disso, quis deixar bem claro que “as creches e o pré-escolar” devem ser “gratuitas” para “os portugueses” - expressão que fez, aliás, questão de frisar durante o discurso.No Salão Nobre do Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, o ex-CDS abordou ainda “quem ocupa imóveis de forma ilegal”. A esses, dirigiu-lhes uma única palavra: “Rua.”Bruno Mascarenhas acusou ainda o atual autarca da CML, Carlos Moedas, de ser o rosto dos “compadrios”, do “conluio” e do “mau-cheiro” que a cidade tem: o da “corrupção”. É assim “necessário” acabar com a “alternância de cinquenta anos entre PSD e PS” na presidência da capital. “Vamos fazer auditorias aos contratos celebrados entre a câmara e a Valorsul [empresa municipal de tratamento de resíduos], e queremos tornar Lisboa na primeira cidade inteligente do mundo, com recurso a Inteligência Artificial na sua gestão”, atirou antes de rematar: “Lisboa não é campo de experiências multiculturais” e por isso quer construir 4500 “casas acessíveis” até fim do mandato bem como 300 novos polícias municipais. Isto tudo durante uma intervenção marcada pelos vários aplausos da plateia - onde, entre dirigentes e deputados do Chega, estava também a atriz Maria Vieira, ela própria deputada municipal do partido em Cascais e que, quando André Ventura entrou na sala, beijou a mão do líder do partido..O presidente do Chega também discursou na tarde desta segunda-feira, 28 de julho. Fê-lo, aliás, durante mais tempo do que Bruno Mascarenhas, a quem deixou elogios e considerou o candidato da “mudança” contra as oposições, marcadas pelo candidato “do show” (de Carlos Moedas, PSD/CDS/IL) e pela candidatura “do Bangladesh” (Alexandra Leitão, PS/Livre/BE/PAN). Segundo Ventura, Lisboa “é a capital mais bonita” que já visitou, deve “ser segura” e “ser limpa” dos “compadrios e dos conluios” que diz existirem há anos na gestão autárquica. Mostrando-se convicto de que Bruno Mascarenhas “vai ganhar” a CML, o líder do Chega referiu que “no futuro”, espera que o nome do candidato conste na História da cidade: “Que esteja lá, que digam que errou, como todos erram, mas que digam que terminou exatamente como começou: um diamante, um cristal impossível de penetrar pela corrupção, pelo conluio e pelo ataque brutal aos bolsos dos contribuintes.”O discurso de Ventura, de resto, foi marcado pelas referências a imigrantes do sul da Ásia (nomeadamente da região do hindustão) e pela convicção de que Bruno Mascarenhas continuará a ser “uma voz” de oposição contra temas como “a construção da nova mesquita de Lisboa”.Apesar da intervenção mais longa, mais aplaudida e dos gritos de apoio com o nome do presidente do Chega, coube ao candidato autárquico deixar as promessas, com Ventura a manifestar as convicções: “As autárquicas serão um barómetro e vão mostrar se o crescimento do Chega em eleições se consolida ou não.”.Duas dezenas de candidatos do Chega a presidências de câmara foram (ou são) autarcas por outros partidos.Chega confirma Bruno Mascarenhas como candidato à Câmara de Lisboa