Quase uma semana depois da greve geral, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social volta a reunir-se com a UGT. O encontro desta terça-feira, 16 de dezembro (17h00), para se discutirem as alterações que o Governo pretende fazer no Código do Trabalho, é o primeiro desde a paralisação que a central sindical gostava “que não fosse minimizada, porque foi importante para quem aderiu e para quem não aderiu com medo das consequências”. As palavras são de José Abraão, vice-presidente da UGT, que, ao DN, diz ter “a convicção” de que este novo encontro vai ser “mais uma conversa do que outra coisa”.Tudo porque, a 14 de janeiro, haverá uma ronda de negociações com os parceiros de concertação social (onde se inclui a CGTP que, apurou o DN, não foi convocada para a reunião de hoje). “Se houver uma proposta nesse encontro ou já amanhã [esta terça-feira] que vá ao encontro das prioridades de quem trabalha, pode ser que se dê um passo importante. Trata-se de matéria política e também com carga ideológica. A questão ideológica é importante, mas as pessoas vivem de salários, direitos e da sua proteção”, atira.Questionada pelo DN sobre o que esperar desta reunião, fonte oficial do gabinete de Maria do Rosário Palma Ramalho remeteu para as declarações da governante feitas esta segunda-feira numa visita à Madeira. Nessa ocasião, a ministra do Trabalho garantiu que o Governo “nunca interrompeu o processo negocial, não só com a UGT como com as confederações patronais”. Recordando que a central sindical “disse que estava disponível para se sentar à mesa”, Maria do Rosário Palma Ramalho afirmou esperar que “se continue a negociar, como se estava a fazer até aqui”.Contudo, no dia anterior, a governante deixara um aviso. Numa entrevista à RTP Madeira, garantiu que o Governo “não está disponível para voltar à estaca zero” uma vez que “o anteprojeto foi legitimado pelo programa eleitoral, pelo programa de Governo e até pelo acordo tripartido que celebrou no ano passado com a concertação social, incluindo com a UGT”.José Abraão diz que “não está em causa voltar à estaca zero”. Segundo o também dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesap), “o que está em cima da mesa é inoportuno, inadequado e fora de tempo”. Têm então de “se abrir e criar as condições para que não se exclua nada neste processo”. “Ninguém vai para a mesa de negociação já com o terreno marcado. Se há vontade política para negociar, então que não se ponham, mais uma vez, traves-mestras, e vamos ver o que é possível fazer”, afirma.Para José Abraão, “as coisas não são muito complicadas quando as pessoas querem negociar e aproximar posições”. “Tem de existir vontade política e cedências de parte a parte, com o objetivo de melhorar o Código de Trabalho”, frisa..Governo recusa voltar à “estaca-zero” na reforma das leis de trabalho.Ministra do Trabalho convoca UGT para reunião na próxima terça-feira