O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou este domingo, 2 de novembro, que Portugal é um país “que está a saque” por uma “quadrilha” formada à direita, que está empenhada em dar o “golpe fatal que se chama pacote laboral”.“Estamos perante um país que está a saque, com a quadrilha do PSD, do CDS-PP, do Chega e da IL, essa autêntica quadrilha do roubo de direitos, a guarda avançada da política de direita que está empenhadíssima em dar esse golpe fatal que chama pacote laboral”, disse o líder comunista.Num comício em Aljustrel, distrito de Beja, onde a CDU reconquistou, 16 anos depois, a maioria na câmara municipal nas eleições de 12 de outubro, o secretário-geral do PCP teceu forte críticas às propostas laborais previstas pelo Governo no âmbito do Orçamento de Estado para 2026 (OE2026), aprovado na generalidade na terça-feira.Segundo Paulo Raimundo, “o que está em causa é um brutal aceleramento da exploração e a criação de uma sociedade ainda mais injusta”.“O que o PSD, o CDS, a IL e o Chega querem são novas gerações na corda bamba, trabalhadores precários com vida precárias, sem tempo para viver e sem tempo para os seus filhos”, frisou.Para o líder comunista, “o país não avança e a vida da maioria está difícil”, mas mesmo assim foi aprovado “um orçamento que está todo embrulhado em propaganda, mas que é uma peça ao serviço da política daqueles que se acham donos disto tudo”.“É um orçamento que enche as medidas do Chega e da IL, que aproveitando a abstenção do PS se deram ao luxo de poder votar contra um orçamento com o qual não só estão de acordo, como estão com ele ‘enterrado até ao pescoço’ nos compromissos que têm com esta política”, indicou.Na sua intervenção, Paulo Raimundo frisou ainda que o problema do país “não é a falta de dinheiro”, mas sim “onde esse dinheiro é empregue e para onde é desviado”, criticando que, no âmbito do OE2026, se entregue “de ‘mão beijada’, de forma direta, mais ou menos 12 mil milhões de euros em várias rubricas aos grandes grupos económicos”.Relativamente ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), o secretário-geral do PCP também considerou ser “urgente acabar com a lengalenga e a falácia do dinheiro” gasto no setor.“Todos choram porque são 17 mil milhões de euros e, de facto, é muito dinheiro. Mas a ninguém lhe cai uma lágrima por metade desse dinheiro ser para entregar aos grupos que fazem da doença um negócio”, disse.Na sua intervenção, o líder comunista teceu ainda fortes críticas ao Chega e ao “silêncio” do partido sobre as recentes buscas realizadas pela Polícia Judiciária no Novo Banco e ao negócio de venda desta instituição ao BPCE.“O que é extraordinário e o que é revelador é que o Chega, sempre cheio de corrupção na boca, não dê sobre esta matéria, sobre esta profunda onda de corrupção, um único sinal de vida. Isto sim é que é uma bandalheira”, argumentou Paulo Raimundo.Para o secretário-geral do PCP, “até parece que [o Chega] enfiou a burca para manter o silêncio”.