Rui Tavares critica silêncio do Governo sobre questionário enviado pelos EUA às universidades portuguesas
Rui Tavares criticou este sábado o ministros Fernando Alexandre (Educação) e Paulo Rangel (Negócios Estrangeiros) por terem ficado em silêncio depois da administração norte-americana de Donald Trump ter enviado para várias universidades portuguesas um questionário sobre ligações a organizações terroristas, ideologia de género, agendas climáticas, contactos com partidos comunistas e socialistas ou relações com as Nações Unidas, República Popular da China, Irão e Rússia, sob ameaça de cortar o financiamento de programas com essas instituições.
"Como é possível que a administração de Trump tenha enviado um questionário para universidades portuguesas em que basicamente lhes diz ou vocês obedecem ao que é a nossa agenda obscurantista ou então não têm dinheiro nosso, como é possível que um governo português ainda não tenha dito uma palavra sobre isto?", afirmou Rui Tavares na sua intervenção no primeiro dia do XV Congresso do Livre, que serve para aprovar o programa eleitoral do partido para as eleições legislativas de 18 de maio.
"Nós estamos em eleições porque Luís Montenegro decidiu mandar abaixo o seu Governo e extraordinariamente quer pedir-nos estabilidade. Ninguém se engane Luís Montenegro não quer que nós lhe demos estabilidade. Ele quer que nós lhe demos poder e ele quer que nós lhe demos poder para um filme que já vimos demasiadas vezes", assumiu Rui Tavares, que acusou ainda o primeiro-ministro de ter tomado "decisões erradas" ao não ter entregado a empresa da sua família a uma gestão independente antes de assumir o cargo de chefe do Governo.
"Quer que achemos normal que tudo se passe numa sobreposição de várias esferas confusas entre o que é familiar, o que é patrimonial, o que é partidário, o que é político e o que é do Governo do Estado", acrescentou, deixando depois alguma dose de ironia: "Nós queremos muito deixar o Luís trabalhar, mas o Luís tem que escolher para quem é que quer trabalhar, porque se quer trabalhar para o povo como primeiro-ministro há coisas que não deve fazer."
O dirigente do Livre recusou os apelos ao voto útil endereçados pelo líder socialista Pedro Nuno Santos. "Nenhum apelo ao voto útil vai demover as pessoas que querem ver estes deputados e deputadas dignificar a democracia no parlamento", sublinhou.