A comemoração do 50.º aniversário do 1.º Congresso do CDS, no Palácio de Cristal, incluiu um pedido de desculpas ao partido, feito pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, falando em nome da cidade, devido “à verdadeira vergonha” que teve lugar na noite de 25 para 26 de janeiro de 1975, quando os delegados centristas e os seus convidados foram sequestrados nesse recinto por militantes de forças de extrema-esquerda. “Algumas pessoas que estiveram lá fora continuam a gabar-se do que fizeram”, disse Moreira, que nas últimas três Eleições Autárquicas, eleito à frente de um movimento independente, contou sempre com apoio do partido, que tem colocado vereadores nas suas listas.O CDS assinalou a efeméride neste domingo, num evento que juntou centenas de pessoas, incluindo algumas daquelas que estiveram cercadas no Palácio de Cristal. Foi o caso do antigo líder do partido, José Ribeiro e Castro, que na altura tinha 20 anos e, há alguns anos, descreveu o cerco como “uma grande aventura”, pois nessa idade “achamos graça às coisas que têm risco”.Discursando na cerimónia, o presidente do CDS, Nuno Melo, defendeu que o partido deve ter “orgulho das vitórias” e do “permanente esforço de resistência”, comparando a política a uma maratona, em vez de uma corrida de 100 metros.“Passaram-se 50 anos, sofremos cercos políticos, sofremos muitos cercos. Não só em 1974 e 1975. Mas estamos cá, porque o CDS é importante para Portugal e para a democracia”, disse.O também ministro da Defesa Nacional deste Governo, depois de o CDS ter voltado a eleger deputados para a Assembleia da República, integrados nas listas da Aliança Democrática, recuperando a representação parlamentar perdida nas Legislativas de 2022, anunciou que o partido irá realizar uma “grande convenção”, em data a definir, no final de março ou início de abril, que terá como finalidade anunciar estratégias e candidatos para as Eleições Autárquicas, disputadas no final de setembro ou início de outubro.Realçando que o CDS é a quarta força autárquica de Portugal, detendo seis presidências de câmara, além de participar na gestão de quase meia centena de outros municípios, quase todos em coligação com o PSD, Melo disse que os centristas estarão mobilizados para garantir “novas e grandes alegrias ao partido”..Retirados pelo Copcon.Há 50 anos, o cerco ao Palácio de Cristal, onde se realizava o primeiro Congresso do CDS, saldou-se em 16 feridos, sobretudo devido a confrontos entre a polícia e duas manifestações de organizações de extrema-esquerda contra a realização na cidade do Porto de um congresso partidário que consideravam ser “uma ofensiva da burguesia contra a classe operária, no sentido de limitar os direitos democráticos das massas”.Também incendiaram dois automóveis Mercedes que estavam estacionados junto ao edifício, e um Alfa Romeo onde encontraram panfletos de propaganda política dos democratas-cristãos.Os 700 congressistas e convidados só foram retirados do Palácio de Cristal às 5.00 da manhã, levados por mais de uma centena de viaturas, numa intervenção do Copcon que o líder centrista, Freitas do Amaral, disse ser tardia. E motivada, sobretudo, pela pressão junto de embaixadas estrangeiras, bem como de Mário Soares, que na altura era ministro dos Negócios Estrangeiros, tendo este apelado ao Presidente da República, Costa Gomes.