A Câmara de Setúbal pretende avançar para a resolução do contrato com a Datarede, que lhe concessionou o estacionamento pago na cidade durante 40 anos, assinado em 2021, no final do último mandato da anterior presidente da autarquia, Maria das Dores Meira. A proposta de deliberação, que alega incumprimentos da empresa, será levada nesta quarta-feira à reunião de câmara pelo executivo da CDU, liderado por André Martins, mas terá resistência da oposição socialista, encabeçada pelo vereador Fernando José, candidato à presidência, tal como Dores Meira e André Martins, nas eleições de 12 de outubro.“Entendemos que, a um mês das eleições, não tem este executivo qualquer legitimidade para nos trazer uma proposta para ser decidida num assunto desta importância. Quem trouxe o problema para a cidade foi a CDU de Dores Meira e André Martins, e neste momento André Martins está a querer criar um problema ainda maior do que aquele que nos foi criado em 2021”, defende Fernando José, em declarações ao DN, antecipando que tentará que a proposta de resolução do contrato venha a ser retirada.Já o vereador social-democrata Paulo Calado, líder concelhio do PSD e muito crítico do apoio da direção nacional do partido à candidatura autárquica do movimento independente de Dores Meira, disse ao DN que a questão ainda estava em análise, remetendo para esta quarta-feira a decisão sobre “uma proposta bem fundamentada”. E recordou que todos os vereadores aprovaram em julho a proposta inicial de resolução sancionatória, na qual a Datarede foi chamada a pronunciar-se sobre incumprimentos. Na resposta à Câmara de Setúbal, a empresa realçou que à proposta não era “certamente alheia a ambiência pré-eleitoral atualmente em curso”, numa referência à animosidade entre a CDU e Dores Meira, que liderou a autarquia durante 15 anos, nas listas da coligação. Também foi alegado que, em caso de resolução antecipada, a autarquia teria de devolver de imediato perto de 3,5 milhões de euros, relativos aos 3,9 milhões de euros de renda fixa entregues pela empresa ao assinar a concessão por 40 anos. E contestados argumentos avançados pela autarquia, como a retenção indevida de pagamentos devidos ao município, a recusa em proceder à fiscalização de estacionamento exclusivo para residentes e o “desrespeito absoluto pelo cumprimento de obrigações contratuais”, nomeadamente na construção de parques subterrâneos na cidade. Na proposta de deliberação da Câmara de Setúbal propõe-se a cessação da vigência do contrato ao fim do 15.º dia a partir da notificação da concessionária, que terá 15 dias para retirar todos os seus bens e equipamentos que estejam na via pública.