As primeiras quatro perguntas do BE, enviadas a 7 de abril, só obtiveram uma resposta concreta, a 11 de abril: Margarida Blasco, ministra da Administração Interna, garantiu desconhecer “em absoluto a existência de qualquer outra versão” (…) que não seja a versão oficial” do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) que foi remetida aos deputados; as 12 perguntas seguintes, e também do BE, enviadas a 23 de abril a Montenegro, após AD e Chega terem inviabilizado que o Governo explicasse no Parlamento a “eliminação de informação relativa a movimentos extremistas”, continuam sem resposta; e agora juntam-se mais quatro do PS que exige “total esclarecimento”.O caso, revelado pelo Expresso a 2 de abril, um dia depois da apresentação do RASI, e parcialmente esclarecido a 20 de abril pelo DN - ainda há questões sem resposta -, levou este domingo o PS, 26 dias após a divulgação do documento e na sequência de confrontos envolvendo movimentos de extrema-direita, em Lisboa, durante o desfile do 25 de Abril, a questionar o Governo.Os socialistas querem saber “por que razão foi eliminado esse capítulo do RASI entregue à Assembleia da República?”, “Quem ordenou essa eliminação?”; “A decisão foi ou não discutida na reunião do Conselho Superior de Segurança Interna?”; “O Primeiro-Ministro tem conhecimento se os ministérios da Justiça e da Administração Interna tiveram acesso, no dia 17 de março, à versão preliminar do RASI que incluía o capítulo sobre “Extremismos e Ameaças Híbridas”?”; e ainda :”Não considera o Governo que, sendo o RASI essencial para a formulação da política criminal e prevenção de fenómenos de criminalidade organizada ou extremismo, deve conter toda a informação recolhida, incluindo a referente a movimentos de extrema-direita?”.Ao DN, no dia 20 de abril, o gabinete da secretária-geral do Sistema de Segurança Interna garantiu que se tratou “de uma decisão tomada na sequência da reunião de Gabinete Coordenador de Segurança ” e que “as alterações efetuadas ao documento de trabalho são produto da discussão de todos os intervenientes”. Na resposta ao DN, o gabinete de Patrícia Barão, que coloca em causa a explicação de Margarida Blasco - acrescentando que o “documento de trabalho” tinha sido enviado a todos, no dia 17 de março, quatro dias antes da reunião, a 21 de março -, sustenta ainda que “o referido relatório, na sua versão preliminar, foi submetido a apreciação e aprovado pelas diversas entidades que compõem o Gabinete Coordenador de Segurança”. O RASI seria depois aprovado a 28 de março no Conselho Superior de Segurança Interna, presidido pelo primeiro-ministro.Luís Neves, diretor da PJ, que reconheceu, na última terça-feira, a existência de uma “base de trabalho” - o tal capítulo sobre “extremismos e ameaças híbridas” - entendeu sublinhar que “nós [na PJ] não prescindimos, em momento algum, de continuar a contribuir, com todo o nosso trabalho, com a informação, com a informação internacional para a investigação (…) Portanto, nesta matéria, como em outras, nós contribuímos, concretamente, é isso que é o que devemos fazer”. Com V.M.