Presidente da Câmara de Coimbra acusado de peculato e falsificação de documento
A acusação pode colocar em causa a recandidatura José Manuel Silva com o apoio do PSD que na sua orientação política para as autárquicas “não vai permitir” candidatos autárquicos “acusados” pela justiça.
A direção do PSD exige dos seus candidatos, e das estruturas do partido, compromissos com a “transparência e integridade” e “idoneidade e ética” sublinhando que a “sua atuação” terá que ser “norteada pela legalidade e rigor” e “pautando-se pela transparência em todas as suas decisões”.
José Manuel Silva, em declarações ao DN, confirma que já informou o PSD da "acusação". Será candidato a presidente de câmara? "Sim, serei". Com apoio do PSD? "O PSD dirá o que entender quando o entender".
O deputado e líder da distrital de Coimbra do PSD, Paulo Leitão, garante que o partido vai apoiar José Manuel Silva na recandidatura à Câmara Municipal de Coimbra. Ao que o DN apurou, este apoio ainda não foi formalmente confirmado junto do autarca conimbricense.
Esta acusação ao Presidente da Câmara de Coimbra, agora conhecida, que foi motivada por uma “denúncia anónima,” é, segundo o próprio, um processo “que não tem fundamento jurídico válido”.
A informação foi revelada pelo próprio autarca num artigo de opinião publicado no Diário de Coimbra e previamente comunicada ao PSD.
José Manuel Silva que venceu as autárquicas de 2021 como independente apoiado pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD, CDS-PP, Nós, Cidadãos!, PPM, Aliança, RiR e Volt) é acusado de ter recebido, enquanto bastonário da Ordem dos Médicos (de 2011 a 2016) ajudas de custo pelo uso de viatura própria sendo que as viagens eram efetuadas, diz o MP, de Comboio.
AO DN, o autarca garante que “não houve qualquer prejuízo financeiro para a Ordem” até porque, justifica, “as ajudas de custo seriam iguais se as viagens fossem feitas de carro, e destinaram-se a compensar parcialmente as elevadas perdas remuneratórias, sendo indispensáveis para que pudesse dedicar-me maioritariamente ao cargo”.
José Manuel Silva assegura ainda que “todas as despesas foram rigorosamente registadas e aprovadas por instâncias internas da Ordem” e que “o modelo de compensação foi debatido e aprovado pelo Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos”.
O autarca, que refuta uma acusação que diz ser “totalmente injusta e infundada”, considera-se alvo de “uma campanha de claras motivações políticas, que visa manchar a minha reputação e desviar o foco do trabalho que desenvolvi e desenvolvo em prol do interesse público. A queixa é de 2019. Saí da Ordem em janeiro de 2017. E fui eleito vereador nas autárquicas desse ano. Todos sabiam que em 2021 seria candidato. E fui".
PS aposta em Ana Abrunhosa
A comissão concelhia do PS de Coimbra vota "formalmente" no próximo domingo o nome da ex-ministra Ana Abrunhosa como cabeça de lista da candidatura socialista à Câmara Municipal, nas autárquicas deste ano.
O nome de Ana Abrunhosa, que já tinha afirmado publicamente que estava em processo de reflexão, será "apresentado, discutido e votado" no domingo, apesar de já ter sido "aprovado" informalmente na sexta-feira da semana passada.
O PS está convencido de que será possível vencer a Câmara de Coimbra, depois de a ter perdido em 2021 para a coligação Juntos Somos Coimbra (PSD, CDS-PP, Nós, Cidadãos!, PPM, Aliança, RiR e Volt), encabeçada por José Manuel Silva, que derrotou Manuel Machado, que se recandidatava ao seu terceiro mandato consecutivo.
Em outubro de 2024, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afirmava que o partido ia reconquistar a Câmara de Coimbra nas autárquicas, num discurso no Congresso Federativo de Coimbra, onde esteve presente Ana Abrunhosa.
Os nomes dos candidatos a presidentes de junta de freguesia deverão ser aprovados em março e será por "essa altura" ou em abril que será definido uma "eventual coligação ou não" de apoio a Ana Abrunhosa com "forças políticas de esquerda" que junte PS, Livre, PAN e Cidadãos por Coimbra.
Doutorada na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra onde também foi professora, Ana Abrunhosa foi ministra da Coesão Territorial e presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), tendo sido eleita deputada do PS pelo círculo de Coimbra nas legislativas de 2024.