Presidenciais 2026: Marques Mendes e António Filipe divergem em quase tudo

Presidenciais 2026: Marques Mendes e António Filipe divergem em quase tudo

Pacote laboral, 25 de novembro, conceito de "estabilidade", economia e guerra na Ucrânia foram temas que acentuaram diferenças entre os candidatos.
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Candidatos discordam em quase tudo

Tal como se previa, o debate desta terça-feira acentuou as diferenças entre Luís Marques Mendes e António Filipe.

No que concerne ao pacote laboral, enquanto o antigo ministro social-democrata apelou ao diálogo entre governo, entidades patronais e UGT, o antigo deputado comunista pretende "impedir o pacote laboral" e acusou o seu adversário desta noite em estar "do lado do Governo" e não do lado dos trabalhadores.

As celebrações do 25 de novembro foi outra das matérias em que discordaram. António Filipe disse que faltaria à cerimónia, o que levou Marques Mendes a acusá-lo de "falta de sentido de Estado".

Marques Mendes puxou dos galões para mostrar que era o melhor candidato a Belém e frisou a necessidade de Portugal crescer mais economicamente, enquanto o militante do PCP disse que o país produzirá mais quando setores como a banca e as telecomunicações voltarem a mãos portuguesas.

Também a política externa, nomeadamente a guerra na Ucrânia, provocou a discórdia entre candidatos, com Marques Mendes a criticar António Filipe por não condenar um conflito onde há um agressor e um agredido, enquanto António Filipe apelou à paz.

Ambos concordaram que Portugal necessita de estabilidade, mas divergiram quanto ao seu significado. Marques Mendes aludiu a uma estabilidade mais política, enquanto António Filipe à estabilidade da vida das pessoas.

Em sintonia estiveram apenas em garantir que iriam impedir que Portugal caminhasse para uma deriva autoritária.

Marques Mendes critica posição de António Filipe quanto à Ucrânia

Sobre política externa, Marques Mendes reconheceu a "ONU estão num estado de irrelevância, a OCDE está desaparecida e a Europa tem as suas fragilidades", lembrando que "a NATO tem tido um papel importante", e atacou a posição de António Filipe no que concerne à guerra da Ucrânia.

"A Ucrânia é um caso em que eu não compreendo a posição de António Filipe: há um agressor e um agredido, é um caso grave de violação de direitos constitucionais", criticou.

Já António Filipe limitou-se a apelar ao fim da guerra: "A guerra podia e devia ter sido evitada. Condenei os desenvolvimentos de 2022. A Ucrânia deveria ter evitado a guerra e convenceu-se que poderia ganhar a guerra contra uma potência nuclear. A melhor forma de apoiar o povo ucraniano é fazer com que a guerra termine."

Candidatos prometem defender país contra deriva autoritária

Questionados sobre o que podem fazer se Portugal entrar numa deriva autoritária, Marques Mendes lembrou os valores da sua candidatura: "defender democracia, liberdade e justiça social".

Já António Filipe lembrou que o Presidente da República "é o último reduto da democracia" e tem o poder de "exercer o direito de veto" e, "havendo um governo que ponha em causa regras da democracia", pode "dissolver a democracia".

Mendes puxa dos galões, Filipe contra privatização da TAP

Marques Mendes puxou dos galões para lembrar que tem "experiência de poder local e nacionalidade" e que esteve envolvido em revisões constitucionais. "Na Presidência da República a experiência conta", vincou.

"Quero ajudar a promover outra ambição económica em Portugal", afirmou, salientando que "Portugal cresceu pouco economicamente" em comparação com a média europeia.

António Filipe concordou que Portugal precisa de produzir mais, mas que "para que país produza mais é importante que as alavancas da economia estejam nas mãos dos portugueses". "Temos a banca nas mãos dos espanhóis, telecomunicações nas mãos de vários países e agora um caso escandaloso na TAP. Alertaria o governo para os perigos da privatização da TAP", explanou.

Candidatos convergem na "estabilidade" mas divergem no seu significado

Os dois candidatos convergiram ao considerar que a "estabilidade" é o maio desafio que vão enfrentar, mas divergiram no significado.

"O país não pode ter eleições todos os anos, as pessoas precisam de tranquilidade e as empresas de previsibilidade", frisou Marques Mendes, que voltou a salientar a necessidade de construir "pontes" entre Governo e partidos.

Já António Filipe falou na "estabilidade... da vida das pessoas", lembrando que foi para isso que se fez o 25 de Abril, mas sem extravasar os poderes constitucionais. "É importante que as pessoas percebam que o Presidente da República compreende os seus problemas", afirmou.

Marques Mendes acusa António Filipe de "falta de sentido de Estado"

Depois de António Filipe ter afirmado que não estaria presente nas celebrações do 25 de novembro, por entender que "são contra o 25 de abril", Marques Mendes acusou-o de ser um candidato a "Presidente de fação" e com "falta de sentido de Estado".

"António Filipe tem esta posição porque o PCP foi o derrotado no 25 de novembro", prosseguiu, embora reconhecendo que o militante comunista revelou ter evoluído em alguns aspetos, lembrando a neutralidade que revelou quando assumiu interinamente a presidência da Assembleia da República.

"Sou tão de fação como Marques Mendes, não vamos por aí", frisou António Filipe, que diz que as celebrações do 25 de novembro é que são "de fação".

Marques Mendes diz que mexer em leis laboral é controverso, António Filipe quer impedir pacote laboral

Sobre a greve geral de 11 de dezembro, Marques Mendes reconhece que "mexer em leis laborais tem a sua controvérsia" e que a greve e o direito à greve são legítimos, tendo apelado a um acordo entre governo, entidades patronais e UGT.

António Filipe vincou que quer "impedir o pacote laboral" e acusou Marques Mendes em estar "do lado do Governo" e não do lado dos trabalhadores.

Marques Mendes ripostou ao antigo deputado PCP, recordando que este é um debate para eleições presidenciais e não para legislativas.

"Como Presidente da República esperava pela legislação, analisaria a constitucionalidade, dirigiria uma mensagem à Assembleia da República a apelar aos direitos dos trabalhadores, sem passar por cima da Constituição", esclareceu António Filipe.

Marques Mendes começa e António Filipe vai acabar

O debate começa com a moderadora Clara de Sousa a anunciar que o sorteio ditou que a primeira pergunta será colocada a Luís Marques Mendes, enquanto António Filipe encerrará o debate.

Marques Mendes e António Filipe debatem na SIC

Luís Marques Mendes e António Filipe vão protagonizar esta terça-feira, 18 de novembro, o segundo de 28 debates televisivos entre os oito principais candidatos às eleições presidenciais de 18 de janeiro de 2026.

O debate vai decorrer na SIC, às 21h00, e será acompanhado ao minuto no site do DN.

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