Tal como se previa, o debate desta terça-feira acentuou as diferenças entre Luís Marques Mendes e António Filipe. No que concerne ao pacote laboral, enquanto o antigo ministro social-democrata apelou ao diálogo entre governo, entidades patronais e UGT, o antigo deputado comunista pretende "impedir o pacote laboral" e acusou o seu adversário desta noite em estar "do lado do Governo" e não do lado dos trabalhadores.As celebrações do 25 de novembro foi outra das matérias em que discordaram. António Filipe disse que faltaria à cerimónia, o que levou Marques Mendes a acusá-lo de "falta de sentido de Estado".Marques Mendes puxou dos galões para mostrar que era o melhor candidato a Belém e frisou a necessidade de Portugal crescer mais economicamente, enquanto o militante do PCP disse que o país produzirá mais quando setores como a banca e as telecomunicações voltarem a mãos portuguesas. Também a política externa, nomeadamente a guerra na Ucrânia, provocou a discórdia entre candidatos, com Marques Mendes a criticar António Filipe por não condenar um conflito onde há um agressor e um agredido, enquanto António Filipe apelou à paz.Ambos concordaram que Portugal necessita de estabilidade, mas divergiram quanto ao seu significado. Marques Mendes aludiu a uma estabilidade mais política, enquanto António Filipe à estabilidade da vida das pessoas.Em sintonia estiveram apenas em garantir que iriam impedir que Portugal caminhasse para uma deriva autoritária. .Sobre política externa, Marques Mendes reconheceu a "ONU estão num estado de irrelevância, a OCDE está desaparecida e a Europa tem as suas fragilidades", lembrando que "a NATO tem tido um papel importante", e atacou a posição de António Filipe no que concerne à guerra da Ucrânia."A Ucrânia é um caso em que eu não compreendo a posição de António Filipe: há um agressor e um agredido, é um caso grave de violação de direitos constitucionais", criticou. Já António Filipe limitou-se a apelar ao fim da guerra: "A guerra podia e devia ter sido evitada. Condenei os desenvolvimentos de 2022. A Ucrânia deveria ter evitado a guerra e convenceu-se que poderia ganhar a guerra contra uma potência nuclear. A melhor forma de apoiar o povo ucraniano é fazer com que a guerra termine.".Questionados sobre o que podem fazer se Portugal entrar numa deriva autoritária, Marques Mendes lembrou os valores da sua candidatura: "defender democracia, liberdade e justiça social".Já António Filipe lembrou que o Presidente da República "é o último reduto da democracia" e tem o poder de "exercer o direito de veto" e, "havendo um governo que ponha em causa regras da democracia", pode "dissolver a democracia"..Marques Mendes puxou dos galões para lembrar que tem "experiência de poder local e nacionalidade" e que esteve envolvido em revisões constitucionais. "Na Presidência da República a experiência conta", vincou."Quero ajudar a promover outra ambição económica em Portugal", afirmou, salientando que "Portugal cresceu pouco economicamente" em comparação com a média europeia. António Filipe concordou que Portugal precisa de produzir mais, mas que "para que país produza mais é importante que as alavancas da economia estejam nas mãos dos portugueses". "Temos a banca nas mãos dos espanhóis, telecomunicações nas mãos de vários países e agora um caso escandaloso na TAP. Alertaria o governo para os perigos da privatização da TAP", explanou. .Os dois candidatos convergiram ao considerar que a "estabilidade" é o maio desafio que vão enfrentar, mas divergiram no significado. "O país não pode ter eleições todos os anos, as pessoas precisam de tranquilidade e as empresas de previsibilidade", frisou Marques Mendes, que voltou a salientar a necessidade de construir "pontes" entre Governo e partidos.Já António Filipe falou na "estabilidade... da vida das pessoas", lembrando que foi para isso que se fez o 25 de Abril, mas sem extravasar os poderes constitucionais. "É importante que as pessoas percebam que o Presidente da República compreende os seus problemas", afirmou..Depois de António Filipe ter afirmado que não estaria presente nas celebrações do 25 de novembro, por entender que "são contra o 25 de abril", Marques Mendes acusou-o de ser um candidato a "Presidente de fação" e com "falta de sentido de Estado"."António Filipe tem esta posição porque o PCP foi o derrotado no 25 de novembro", prosseguiu, embora reconhecendo que o militante comunista revelou ter evoluído em alguns aspetos, lembrando a neutralidade que revelou quando assumiu interinamente a presidência da Assembleia da República."Sou tão de fação como Marques Mendes, não vamos por aí", frisou António Filipe, que diz que as celebrações do 25 de novembro é que são "de fação"..Sobre a greve geral de 11 de dezembro, Marques Mendes reconhece que "mexer em leis laborais tem a sua controvérsia" e que a greve e o direito à greve são legítimos, tendo apelado a um acordo entre governo, entidades patronais e UGT.António Filipe vincou que quer "impedir o pacote laboral" e acusou Marques Mendes em estar "do lado do Governo" e não do lado dos trabalhadores.Marques Mendes ripostou ao antigo deputado PCP, recordando que este é um debate para eleições presidenciais e não para legislativas. "Como Presidente da República esperava pela legislação, analisaria a constitucionalidade, dirigiria uma mensagem à Assembleia da República a apelar aos direitos dos trabalhadores, sem passar por cima da Constituição", esclareceu António Filipe. .O debate começa com a moderadora Clara de Sousa a anunciar que o sorteio ditou que a primeira pergunta será colocada a Luís Marques Mendes, enquanto António Filipe encerrará o debate. .Luís Marques Mendes e António Filipe vão protagonizar esta terça-feira, 18 de novembro, o segundo de 28 debates televisivos entre os oito principais candidatos às eleições presidenciais de 18 de janeiro de 2026.O debate vai decorrer na SIC, às 21h00, e será acompanhado ao minuto no site do DN.