Pedro Nuno Santos: "Tivesse sido Montenegro escrutinado como eu fui e talvez não estivéssemos aqui"
Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista, reafirmou que Portugal vai novamente a eleições devido ao que considerou ser "o manto de suspeição" que afeta o primeiro-ministro Luís Montenegro.
"Todos sabem porque vamos para eleições. Foi Luís Montenegro que nos trouxe para esta situação e que arrastou o seu partido e o Governo para esta situação. Com a moção de confiança decidiu arrastar o país para debaixo do comboio que ele próprio pôs em andamento", disse o líder socialista, sublinhando que as eleições são "uma oportunidade para desbloquear" uma situação que qualificou de "insustentável".
Pedro Nuno Santos falou sobre a situação do país à entrada para a Bolsa de Turismo de Lisboa, tendo desejado "boa sorte" a PSD e CDS sobre alegadas insinuações sobre o seu passado. "Tive a felicidade de ser escrutinado antes da campanha, tivesse sido Montenegro escrutinado como eu fui e talvez não estivéssemos aqui", disse, garantindo que o confronto que o espera na campanha com o atual primeiro-ministro será "bem-vindo".
A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que passou na semana passada apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.
Depois de mais de duas semanas de notícias -- incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva - de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro anunciou a 05 de março a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.
O texto foi rejeitado na terça-feira com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.