Morreu o ex-ministro Miguel Macedo. "Alguém a quem o povo português e o PSD muito devem", lamenta Montenegro
Paulo Jorge Magalhaes/Global Imagens

Morreu o ex-ministro Miguel Macedo. "Alguém a quem o povo português e o PSD muito devem", lamenta Montenegro

Foi eleito sete vezes deputado do PSD pelo círculo de Braga, tendo sido ministro da Administração Interna de Pedro Passos Coelho. Tinha 65 anos e foi vítima de ataque cardíaco.
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Miguel Macedo, advogado e antigo ministro da Administração Interna, morreu esta quinta-feira aos 65 anos.

Ao que o DN apurou, o político faleceu em casa, tendo sido vítima de ataque cardíaco.

Nascido em Braga, a 6 de maio de 1959, Miguel Macedo licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tendo nessa altura sido dirigente da Associação Académica de Coimbra.

Tornou-se militante da Juventude Social Democrata, aderindo depois ao Partido Social Democrata, pelo qual foi eleito por sete vezes (1987, 1991, 1995, 1999, 2002, 2005 e 2009) deputado à Assembleia da República, sempre pelo círculo de Braga.

Entre 1990 e 1991 foi secretário de Estado da Juventude no primeiro governo de maioria absoluta de Aníbal Cavaco Silva. De 2002 e 2005, integrou os governos PSD/CDS-PP de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, como secretário de Estado da Justiça.

Em 2005 foi eleito secretário-geral do PSD durante a direção de Luís Marques Mendes, tendo depois liderado o Grupo Parlamentar do PSD durante a liderança de Pedro Passos Coelho.

Após as eleições legislativas de 2011 foi nomeado ministro da Administração Interna do XIX Governo Constitucional, liderado por Passos Coelho.

Em novembro de 2014, Miguel Macedo demitiu-se do cargo de ministro depois de o Ministério Público lhe imputar o alegado favorecimento de um grupo de pessoas que pretendia lucrar de forma ilícita com a atribuição de vistos gold, realizando negócios imobiliários lucrativos com empresários chineses que pretendiam obter autorização de residência para investimento.

Miguel Macedo acabaria por ser absolvido em 2020 pelo Tribunal da Relação Lisboa. Antes, em 2019, tinha sido ilibado em primeira instância de três crimes de prevaricação de titular de cargo político e um de tráfico de influência. "Foi a resposta às canalhices que me fizeram nos últimos quatro anos", disse Miguel Macedo na altura, depois de ter sido absolvido.

Este caso fê-lo retirar-se da vida política e atualmente era comentador da CNN Portugal no programa "O Princípio da Incerteza", com Pacheco Pereira, Alexandra Leitão e Carlos Andrade.

Marcelo lembra" resistência e afabilidade raras"

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, lembrou numa mensagem no site da Presidência um político que "granjeou o respeito e a consideração nos mais variados setores da vida portuguesa".

"Foi com muita consternação que o Presidente da República tomou conhecimento do falecimento repentino de Miguel Macedo, responsável e dirigente partidário durante décadas e, mais recentemente, analista político na Comunicação Social.

Com profundas raízes minhotas, Miguel Macedo revelou uma preocupação permanente com a realidade nacional e internacional e granjeou o respeito e a consideração nos mais variados setores da vida portuguesa. Quer nos momentos mais felizes de uma longa atividade, quer naqueles em que enfrentou situações adversas, sempre com resistência e afabilidade raras.

O Presidente da República apresenta à família os seus sentidos pêsames, inseparável de uma antiga amizade."

"Alguém a quem o povo português e o PSD muito devem", lamenta Montenegro

O primeiro-ministro Luís Montenegro reagiu à morte de Miguel Macedo no Palácio de Belém, à entrada para o Conselho de Estado.

"É com grande tristeza que vemos partir um homem bom, um homem que dedicou muito da sua vida à causa pública, um homem sério, um homem determinado, um amigo, um homem de pensamento, um homem de ação também, um homem que serviu o país em várias circunstâncias, na Assembleia da República como deputado, como líder parlamentar, no Governo como secretário de Estado, como Ministro. Alguém a quem o povo português e, permitindo-me falar também pelo PSD, muito devem", lamentou o PM.

Marques Mendes: "Era um dos meus melhores amigos, desde os 20 anos"

Também à entrada para o Conselho de Estado, Marques Mendes não escondeu a emoção de ter perdido "um grande amigo" e com a voz embargada disse estar "em estado de choque".

"Tinha falado com ele há dois dias e achei-o lindamente. É um momento difícil, muito amargo. Miguel Macedo não foi apenas um político competente, uma pessoa que deu tudo o que tinha e sabia ao país, era também uma pessoa fantástica, bem formado e de caráter. Era um dos meus melhores amigos, desde os 20 anos. Fizemos a vida pessoal e política muito juntos. Além de estar em estado de choque, é uma perda irreparável e só posso prestar homenagem a um homem bom", sublinhou o agora candidato às Presidenciais.

O PSD já emitiu uma nota de pesar, assinalando que "deixou-nos um homem bom" e garantindo que "o País e a família social-democrata ficam mais pobres".

Uma das primeiras reações veio da líder da bancada parlamentar socialista, Alexandra Leitão, que expressou a "profunda consternação" pela morte do antigo ministro com quem partilhou o estúdio de televisão no último ano.

Também Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, disse ter ficado "devastado" pela morte de Miguel Macedo, que define como "competente, íntegro, leal", lembrando que "sofreu as agruras de injusta acusação, quebrando uma carreira irrepreensível".

Rui Rio, antigo presidente do PSD, publicou uma mensagem no X em que diz faltarem-lhe as palavras para exprimir os seu "profundo desgosto" pela morte de Miguel Macedo. "Um homem íntegro e um bom amigo, que conheci há mais de 40 anos. Ficam aqui as minhas condolências à sua família e a minha homenagem pessoal, que ele merece mais do que ninguém", escreveu.

MAI recorda marca "incontornável" na política

O Ministério da Administração Interna lamentou a morte de Miguel Macedo e recordou a "figura que marcou de forma incontornável a vida política nacional".

Numa nota de pesar, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, o secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia, e o secretário de Estado da Proteção Civil, Paulo Simões Ribeiro, apontaram a dedicação do ex-ministro social-democrata, que morreu hoje aos 65 anos, "ao serviço público com inteligência, determinação e um inegável sentido de responsabilidade".

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