Luís Montenegro quer Pedro Duarte na corrida à Câmara do Porto e tem insistido com o ministro dos Assuntos Parlamentares para que avance, apesar de este continuar “com muitas dúvidas”.O motivo da hesitação, de acordo com fontes do partido, estará relacionado com a vida profissional do social-democrata, que estará reticente por recear uma eventual incompatibilidade com a sua carreira futura como alto quadro da Microsoft, apurou o DN. Requisitado à multinacional para exercer funções no Executivo - um procedimento usual e legal -, uma candidatura a um cargo camarário poderia obrigar Pedro Duarte à desvinculação definitiva da Microsoft.Sem certezas quanto a uma eleição, “seria arriscar muito”, diz uma fonte. “[Pedro Duarte] poderia vir a perder tudo: a eleição para a câmara, a pasta de ministroe, eventualmente, o lugar na Microsoft”, concluiu a mesma fonte. Restaria o assento na bancada parlamentar do partido, prejuízo que o líder distrital do PSD-Porto, a cidade onde nasceu há 51 anos, quer evitar.“Mas Montenegro ainda não desistiu, por achar que não haverá risco. Seria uma solução vencedora”, diz a mesma fonte.Por sua vez, uma fonte próxima de Pedro Duarte respondeu que “neste momento falar de hesitações é especulação; e uma coisa é certa, o PSD terá sempre um candidato próprio”. Foi em setembro passado que Pedro Duarte se tornou líder da poderosa Distrital do Porto, e por margem arrasadora: 92,1% dos votos. Na altura, em declarações à Lusa, assumiu o objetivo de encontrar “um grande candidato” para a câmara da cidade. Sobre o seu nome, enquanto possibilidade para a corrida camarária, disse o expectável: “Estou focado nas funções no Governo”. Declaração que tem vindo a repetir ao longo dos últimos quatro meses, acrescentando apenas que a reflexão, “tranquila e serena”, terá o seu tempo.Estando o concorrente socialista escolhido - o médico e ex-ministro da Saúde Manuel Pizarro, que volta a apresentar-se depois das derrotas para Rui Moreira em 2013 e 2017 -, e a confirmar-se a indisponibilidade de Pedro Duarte, o PSD está sem candidato.António Araújo, rosto de “Pensar o Porto”, movimento cívico apresentado um ano antes das Autárquicas, apesar de já ter anunciado “pressões para avançar”, em entrevista ao DN, permanece na expectativa, sendo certo que, próximo de Rui Rio, não convoca o apoio da maioria do partido. “É um nome que divide em vez de unir”, dizem alguns desses sociais-democratas, remetendo para o cenário ideal: “Alguém capaz de congregar PSD, CDS e o movimento de apoio a Rui Moreira.”A verificar-se a “impossibilidade” de Pedro Duarte, Filipe Araújo, um independente ex-PSD, atual líder do movimento de apoio a Rui Moreira, de quem é vice-presidente, é visto por alguns setores do partido como uma possibilidade. Descrito como “figura discreta, pouco carismática, mas com muita influência na política da câmara”, o engenheiro eletrotécnico de 48 anos, quadro superior da Vodafone, assumir-se-ia como um candidato de continuidade..No pós-Rui Moreira, vereação do Porto pode dividir-se por três listas