Ministro das Finanças recusa reforço das despesas em Defesa que comprometa excedente
MIGUEL A. LOPES/LUSA

Ministro das Finanças recusa reforço das despesas em Defesa que comprometa excedente

Governante garante que Portugal ainda tem margem para cumprir os objetivos de aumento das despesas da NATO, numa altura em que o presidente dos EUA está a pressionar a Europa para que pague mais.
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O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, recusa, numa entrevista ao Financial Times (FT) publicada esta segunda-feira, um reforço das despesas com a Defesa que comprometa o excedente das contas públicas ou aumente o peso da dívida.

"Com um crescimento real do PIB [Produto Interno Bruto] de cerca de 2%, o aumento das despesas com a Defesa será sempre limitado pela manutenção de um pequeno excedente orçamental", afirmou Miranda Sarmento ao jornal britânico.

Ainda assim, o governante garante que Portugal ainda tem margem para cumprir os objetivos de aumento das despesas da NATO, numa altura em que o presidente dos EUA, Donald Trump, está a pressionar a Europa para que pague mais pela sua segurança.

Descrevendo Portugal como um país "virado para o Atlântico e mais afastado de Kiev", que, por isso, "não sente a mesma pressão para aumentar as suas despesas militares que os países mais próximos da Ucrânia", o FT nota que, por exemplo, o orçamento da Defesa da Polónia é de quase 5% do PIB, o mais elevado entre os aliados da NATO, enquanto o português surge em sétimo lugar na classificação daquela organização, ao representar apenas 1,6% do PIB em Defesa no ano passado.

Portugal comprometeu-se a atingir o objetivo de 2% da NATO até 2029, prevendo-se que os líderes da organização venham, numa cimeira em junho, a aumentar este objetivo para, pelo menos, 3% do PIB, contra os 5% defendidos por Trump.

Apontando Portugal como "um dos poucos" países da União Europeia com um excedente orçamental - de 2.000 milhões de euros ou 0,7% do PIB em 2024 e o segundo maior em termos percentuais em pelo menos 50 anos - o FT destaca que o ministro português das Finanças aponta para um excedente de 0,3% em 2025.

"Se nos próximos anos chegarem maus momentos económicos, estaremos preparados para os enfrentar", sustentou Miranda Sarmento na entrevista ao diário britânico, acrescentando: "Precisamos de chegar aos 80%, ou mesmo abaixo dos 80%, até ao final da década".

Segundo o ministro, "a posição fiscal de Portugal, combinada com a flexibilidade das regras fiscais da UE", permitirá ao país "mais margem de manobra, mais espaço, para aumentar as despesas com a defesa de uma forma mais rápida".

Ao FT, Sarmento disse ainda que o Governo português está "muito provavelmente" interessado em utilizar fundos de um programa de empréstimos de 150.000 milhões de euros para os Estados-membros canalizarem para as suas indústrias de Defesa, mas ressalvou que Lisboa quer comparar primeiro os termos e os custos do empréstimo com as opções de Portugal no mercado da dívida soberana.

Relativamente às prioridades de despesa, o titular da pasta das Finanças considera, na entrevista, ser vital que os membros da UE se coordenem para desenvolver indústrias especializadas em cada país.

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