O ministro da Economia apresentou na Arábia Saudita Portugal como “um bom destino” para o investimento saudita, destacando a estabilidade política e económica e a previsibilidade fiscal, ao mesmo tempo que encontrou “muito potencial” para as empresas portuguesas.No final de uma visita oficial de dois dias ao país do Médio Oriente, Castro Almeida disse à Lusa que quis mostrar que “Portugal é hoje um país estável”.“A estabilidade e a previsibilidade são noções fundamentais para quem quer investir”, referiu.Castro Almeida salientou que Portugal “ultrapassou a imagem que foi criada há 15 anos com a crise financeira” e hoje está “do lado oposto”.“A transformação que Portugal sofreu nos últimos 15 anos é um caso de sucesso: passámos de grandes défices orçamentais e da dívida que ninguém queria financiar para uma situação de anos seguidos de excedente orçamental, de pleno emprego, de inflação controlada e de dívida controlada”, referiu.Portugal “é um país com estabilidade económica e política e com paz social”, salientou Castro Almeida.Por outro lado, os sauditas “também gostam de saber” que o Governo de Luís Montenegro baixou os impostos sobre os lucros das empresas.“E continuaremos a baixar nos próximos anos”, disse, rematando: “Essa previsibilidade é muito importante e eu procurei convencer empresários sauditas de que Portugal é um bom destino”.A economia portuguesa precisa de investimento estrangeiro, quer para as empresas quer para as grandes infraestruturas, sustentou.“E aqui há dinheiro e apetite por empresas de base tecnológica e Portugal tem boa reputação nessa área”, comentou o ministro.Numa altura em que os Estados Unidos impõem novas tarifas, o país precisa de diversificar os mercados e “a zona do Golfo tem um grande potencial”.“Há aqui uma grande capacidade de consumo e Portugal tem muitos produtos de luxo, desde mobiliário de luxo até ao design, à arquitetura, à joalharia ou às porcelanas”, exemplificou.Mais de 50 empresas portuguesas acompanharam o ministro durante esta visita, numa missão empresarial que não se realizava há 12 anos, e participaram num fórum empresarial em que estiveram, do lado saudita, mais de 150 empresários.Durante a visita, o ministro da Economia e da Coesão Territorial teve encontros com ministros sauditas com as pastas da Economia, da Indústria e do Investimento, e participou, com o homólogo saudita, na reunião da sétima comissão mista bilateral.Foram ainda assinados memorandos de entendimento para reforçar a cooperação entre os dois governos e organismos do Estado, como a ASAE.A visita permitiu “uma aproximação política”, mas “sobretudo é preciso que se façam negócios”.Castro Almeida afirma levar desta visita “uma responsabilidade de continuar este trabalho”.“Vale a pena insistirmos com este país, porque há aqui muito potencial e grandes afinidades, grandes interceções entre o que nós temos para oferecer e o que eles podem dar”, referiu.O ministro destacou ainda que abriu este ano uma delegação da AICEP em Riade, com um delegado, com a missão de “ajudar quem quer exportar e ajudar quem quer investir em Portugal”, e afirmou-se convencido de que será preciso reforçar a equipa.Questionado pela Lusa sobre a questão dos direitos humanos no país, uma monarquia acusada por organizações internacionais de discriminar mulheres e migrantes e de reprimir opositores, Castro Almeida respondeu que tal “não esteve no centro” das suas preocupações, nem das dos seus interlocutores.O ministro realçou que já há muitas mulheres em lugares de destaque na administração saudita: “Não havia nenhuma reunião que não tivesse senhoras (…) e a participar ativamente".A esmagadora maioria das mulheres sauditas ainda vestem ‘niqab’, um traje que cobre totalmente o corpo e o rosto, deixando apenas os olhos destapados, embora o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman tenha abolido essa obrigatoriedade.“Tinha uma ideia de uma segregação maior das mulheres, e para mim foi uma surpresa num sentido positivo, mas creio que ainda há um caminho grande a percorrer”, comentou.Também referiu que empresárias portuguesas interessadas em estar presentes neste país não lhe manifestaram preocupações. .PRR: “Portugal não vai perder um euro” das verbas, sublinha ministro da Economia