Mariana Leitão desiste de Belém e concentra-se na liderança da IL
Mariana Leitão confirmou nesta quinta-feira que a decisão, anunciada na véspera, de disputar a sucessão de Rui Rocha à frente da Iniciativa Liberal (IL) teve a consequência de a fazer desistir da candidatura à Presidência da República, retirando-se “com total serenidade e coerência” do desafio que aceitou há apenas quatro meses. Mas durante esse período houve a dissolução da Assembleia da República, eleições antecipadas e um resultado para os liberais que, apesar do crescimento em votos e mandatos, levou à demissão do presidente do seu partido.
Todas estas mudanças na realidade política portuguesa, dando início a “um ciclo completamente diferente”, foram enunciadas por Mariana Leitão, que no arranque desta legislatura foi reeleita para a liderança do Grupo Parlamentar da IL, como motivos para sair da corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, numas eleições presidenciais que serão disputadas em janeiro de 2026.
“A liderança de um partido é uma missão de mobilização, estruturação e preparação de equipas para ter impacto, que requer foco e entrega total”, defende a gestora, de 42 anos, que começou por ser deputada municipal em Oeiras, tornando-se chefe de gabinete do grupo parlamentar da IL na Assembleia da República, antes de ser eleita deputada, nas legislativas de 2024, estreando-se no hemiciclo como líder parlamentar.
Pouco depois de ter anunciado a candidatura à liderança, através de uma publicação nas redes sociais, feita na noite de quarta-feira, o também deputado Mário Amorim Lopes, tido como outro potencial sucessor de Rui Rocha, declarou-lhe apoio, escrevendo no X que Mariana Leitão tem “características que um grande líder deve ter”, como energia, combatividade, assertividade e determinação. “Não podemos estar melhor servidos! Vamos trabalhar juntos para fazer deste país um grande país”, disse. Já na quinta-feira, a deputada liberal Joana Cordeiro anunciou todo o seu apoio a quem descreveu como “assertiva e determinada, sempre atenta aos problemas reais das pessoas e focada nas soluções que fazem a diferença”.
Possíveis adversários
Apesar do favoritismo de Mariana Leitão, há quem equacione disputar-lhe a liderança do partido. Desde logo, o presidente do movimento Unidos pelo Liberalismo, Rui Malheiro, que em fevereiro não impediu a reeleição de Rui Rocha, mas obteve 26,6% dos votos. Em declarações ao DN, disse que fará uma avaliação após o Conselho Nacional definir, na sua reunião de 15 de junho, como e quando será eleita a próxima Comissão Executiva. Mas não garante que vá avançar. “Nem sei se será melhor haver mais uma candidatura além da anunciada”, disse, defendendo ser “tempo de pensar no partido em vez de fazer coisas de forma atabalhoada”. Até porque tanto o PS como o Bloco de Esquerda adiaram as suas reuniões magnas para depois das autárquicas, ainda que os socialistas vão eleger o próximo secretário-geral a 27 de junho.
A ponderar candidatar-se, face a apelos que tem recebido, estará José Maria Barcia, conotado com a oposição interna, pois foi assessor do candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves e dos candidatos à liderança Carla Castro e Rui Malheiro, embora também tenha sido de Angelique da Teresa, atual vice-presidente da IL. Contactado pelo DN, o consultor de comunicação não quis fazer comentários.