O Presidente português desvalorizou esta terça-feira, 11 de novembro, as recentes polémicas no parlamento e afirmou que não existe em Portugal um “estado de espírito racista”, considerando que “haver discursos, sensibilidades e pontos de vista diferentes faz parte da democracia”.Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas em Luanda, onde esta terça-feira assistiu às celebrações do 50.º aniversário da Independência de Angola.Questionado sobre o caso que envolveu a deputada luso-angolana do PS, Eva Cruzeiro, que denunciou ofensas racistas de um deputado do Chega que a mandou “voltar para a sua terra”, Marcelo Rebelo de Sousa disse que não há na sociedade portuguesa uma situação que se possa generalizar como de estado de espírito racista "relativamente aos povos, nomeadamente aos povos irmãos de língua portuguesa”..“Gritou-me: vai para a tua terra.” Deputada Eva Cruzeiro (PS) pede abertura de inquérito a Filipe Melo (Chega) por racismo e xenofobia. “Há discursos, há sensibilidades, há perspetivas, mas isso faz parte da democracia”, acrescentou, frisando que “há pontos de vista que não são necessariamente os maioritários, que não são os generalizados, mas que acompanham uma vaga, uma moda de outros países”.Marcelo afirmou que “um dos problemas de Portugal é que muitas vezes copia aquilo que se passa no estrangeiro” e considerou que “esse é um exemplo que se aplica às imigrações”.“A imigração em muitos países da Europa é uma coisa, a imigração em Portugal é outra coisa completamente diferente”, observou, referindo-se “ao peso esmagador das comunidades de língua portuguesa” no país.O chefe de Estado preferiu não comentar diretamente o episódio ocorrido no parlamento, dizendo que “está em voga em Portugal e no mundo uma moda de muita emoção no discurso e de muita emoção com um tom mais truculento do que aquele a que estávamos habituados”.“Isso acontece no dia a dia”, acrescentou.Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, contudo, que “há de se ter a noção exata de que isso é uma coisa; outra coisa é verdadeiramente aquilo que as pessoas sentem no dia a dia, o que é a prática do dia a dia, e aí não podemos generalizar”.“É injusto generalizar porque não responde à verdade”, concluiu.