Manuel António Correia
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Manuel António Correia acusa direção do PSD/Madeira de manipulação para impedir internas

Antigo secretário do Ambiente e Recursos Naturais da Madeira acusou a direção liderada por Miguel Albuquerque de manipulação dos órgãos do partido para impedir a realização de eleições internas.
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O antigo secretário do Ambiente e Recursos Naturais da Madeira Manuel António Correia acusou esta sexta-feira a direção regional do PSD, liderada por Miguel Albuquerque, de manipulação dos órgãos do partido para impedir a realização de eleições internas.

"Após 19 dias do requerimento para a realização de um congresso extraordinário e eleições internas, os órgãos do PSD/Madeira continuam a adiar uma decisão simples: convocar o Conselho Regional [do partido] para se pronunciar", refere em comunicado, sublinhando que "os 540 militantes que assinaram este pedido merecem ser ouvidos".

O antigo secretário regional nos governos liderados por Alberto João Jardim, que já disputou -- e perdeu -- a liderança do PSD/Madeira duas vezes com Miguel Albuquerque (em 2014 numas eleições com duas voltas e em março de 2024), entregou em 23 de dezembro mais de 500 assinaturas reivindicando a convocação de um congresso extraordinário do partido, antes da eventual marcação de eleições regionais antecipadas.

O Governo Regional minoritário social-democrata, liderado por Miguel Albuquerque, foi derrubado em 17 de dezembro de 2024, com a aprovação, na Assembleia Legislativa, de uma moção de censura apresentada pelo Chega.

Na terça-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ouviu os sete partidos representados no parlamento regional - PSD, PS, JPP, Chega, CDS-PP, IL e PAN -- e convocou o Conselho de Estado para o dia 17 de janeiro, para analisar a crise política na Madeira e decidir sobre a eventual marcação de eleições.

Manuel António Correia defende, por isso, que deve haver novas eleições internas no PSD/Madeira, às quais pretende candidatar-se.

"Desde as últimas eleições internas, os militantes têm sido condicionados, enfrentando dificuldades no pagamento de quotas, perseguições e exonerações", refere no comunicado, sublinhando que, agora, se soma "a manipulação dos órgãos do partido para impedir a realização do congresso".

Para Manuel António Correia, a responsabilidade é do atual presidente da estrutura regional do partido, Miguel Albuquerque, que "a todo custo tenta bloquear a expressão legítima dos militantes".

"É inaceitável que a democracia interna do partido seja manipulada desta forma. O PSD/Madeira não é de um homem nem de um pequeno grupo, mas sim dos seus militantes. O partido precisa de eleições internas livres, transparentes e democráticas", defende.

O antigo governante madeirense defende que Miguel Albuquerque deve demitir-se da liderança, para assim permitir o "processo democrático" e a "construção de uma estratégia para as eleições regionais".

"O caos político e a instabilidade não são apenas causados pela falta de liderança, mas também pela falta de renovação e abertura ao diálogo. O PSD/Madeira precisa de uma regeneração urgente", afirma.

Já Miguel Albuquerque tem rejeitado reiteradamente a possibilidade de realização de um congresso extraordinário e de eleições internas, mas, por outro lado, manifesta-se disponível para entendimentos com o seu adversário interno.

Manuel António Correia recusa, no entanto, qualquer participação no projeto liderado por Albuquerque.

"Não trocamos projetos estruturais por tachos, cargos ou uma falsa união que não funcionaria", refere no comunicado emitido esta sexta-feira, para logo acrescentar: "Os projetos, as ideias, os valores e a coerência com que nos distinguimos são opostos aos atuais."

De acordo com os estatutos do PSD/Madeira, a realização de um congresso extraordinário pode ser requerida por pelo menos 300 militantes, mas a convocação de eleições internas está dependente do Conselho Regional, o órgão máximo da estrutura regional entre congressos, que decide "da justificação ou não" do sufrágio.

Entretanto, o Conselho de Jurisdição do partido reuniu-se na quinta-feira para analisar o requerimento apresentado por Manuel António Correia e emitir um parecer, mas não foi ainda prestada qualquer informação.

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