É um Orçamento Municipal com um “grande foco no investimento”. Foi desta forma que Gonçalo Reis, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), classificou as previsões financeiras do município para 2026, que foram apresentadas esta terça-feira (2 de dezembro). Ainda assim, o valor orçamentado para 2026 (1345 milhões de euros) fica ligeiramente abaixo do deste ano, com a CML a ter aprovado 1359 milhões de euros para 2025. Esta descida, explicou Gonçalo Reis, deve-se à redução acentuada de verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “que está a acabar”.No que toca ao investimento, a dotação é de cerca de 410 milhões de euros, mais 30% face à execução do atual Orçamento, com o valor investido agora a rondar os 313,7 milhões de euros, segundo disse o vice-presidente.Em relação às áreas de aplicação, a Higiene Urbana, por exemplo, tem destinados 64 milhões, crescendo quase 50% face a este ano. Destes, 12 milhões servirão para renovar a frota dos serviços de limpeza da cidade. Ao todo, serão adquiridas 54 viaturas, dez camiões de recolha de resíduos sólidos urbanos e sete varredoras. A autarquia quer ainda contratar mais 300 cantoneiros e 30 novos motoristas. A juntar a isto, há ainda planos para comprar 40 papeleiras inteligentes para a cidade.A renovação de frota, no entanto, não se fica pela limpeza urbana. A Carris, que é a empresa municipal com mais verbas orçamentadas (entre funcionamento e investimento direto), terá 35 milhões de euros para adquirir 98 novos autocarros. Ao todo, a maior autarquia do país destinará 250,3 milhões de euros à empresa de transportes. Em segundo lugar, aparece a Lisboa SRU, destinada à reabilitação urbana, com 96,3 mihões. Segue-se a EMEL (que, entre outras, fiscaliza o estacionamento na cidade), com um reforço de 68,3 milhões. A Gebalis, responsável pela gestão dos bairros municipais, terá um ‘bolo’ de 64,9, com a Lisboa Cultura a estar no último lugar da orçamentação, com 49,3 milhões de euros.Outra área onde o executivo municipal liderado por Carlos Moedas quer investir é na segurança, destinando 1,4 milhões de euros para a videovigilância da cidade, adquirindo 63 câmaras. A autarquia vai ainda comprar fardas para os bombeiros (e contratar 80 novos operacionais), fazer obras nos quartéis da cidade (orçamentadas em oito milhões de euros), comprar seis novas viaturas de proteção civil e instalar duas novas “sirenes de alerta de tsunami”, como as que já existem na Baixa Pombalina.No Urbanismo, a área onde a CML prevê mais execução, há a intenção de intervencionar a iluminação pública (o que custará 10 milhões de euros). A pavimentação (não especificando se é nova ou se são também reparações) de 34,5 quilómetros na cidade tem um custo estimado de 14,6 milhões. Já nos espaços verdes, o município estima gastar 35,2 milhões de euros. Aqui, o destaque vai para a reabilitação da Tapada das Necessidades, orçamentada em 3,1 milhões, e acompanhada, entre outros, pela plantação de mais dez mil árvores e a contratação de mais 30 jardineiros.No que diz respeito às receitas, foi ainda anunciada a expectativa de que existam no mesmo valor do investimento de 1345 milhões de euros. Isto permite, na teoria, que exista um equilíbrio nas contas da autarquia. Como fontes de receita, os impostos diretos (como o IMT e outros) trarão, nas contas do município, um total de 576,7 milhões de euros. Ainda assim, o executivo municipal vai manter o IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) à taxa mínima de 0,3%, procedendo ainda à devolução total das receitas do IRS.Segundo Gonçalo Reis, este orçamento municipal é focado nas “questões-chave” da maior autarquia do país. Por isso, pediu “responsabilidade à oposição” para aprovar o documento, que será discutido e votado na Assembleia Municipal no dia 17 de dezembro. Nas palavras do autarca, este é “um orçamento equilibrado e virado para a ação. É do interesse de todos que seja rapidamente aprovado”.PS e BE criticam, Chega em silêncioEm comunicado, os vereadores do PS na CML deixaram duras críticas ao executivo liderado por Carlos Moedas. Segundo os socialistas, o documento “revela fragilidades”, como no caso da Gebalis, que tem uma redução de verba e coloca “em causa a capacidade” da empresa. Além disso, acusaram ainda o autarca de “mascarar números” para a imprensa ao anunciar mais investimento. “A comparação deve ser feita entre orçamentos iniciais, não entre execução e proposta”, remataram na nota enviada ao final da tarde.Já Bruno Mascarenhas, vereador do Chega, referiu “não ser o momento para tecer comentários” em relação ao documento.À esquerda, a vereação do BE considera que o orçamento mostra que o mandato “começa sem qualquer ambição” por parte do executivo municipal. Referindo que o orçamento prevê uma subida da receita ligada aos impostos, “nomeadamente o IMT”, o gabinete de Carolina Serrão conclui que “Carlos Moedas conta com o aumentar da especulação imobiliária para alimentar os gastos da autarquia”. Já sobre a devolução do IRS, o BE considera que “aumenta a desigualdade na cidade mais desigual” do país. O DN ainda aguarda reações dos outros partidos (Livre e PCP) com vereadores na câmara de Lisboa. Com Frederico Bartólo.Câmara de Lisboa prevê 38 milhões de euros para obras em escolas e 250 milhões para a Carris no próximo ano.1.359M€. Moedas considera que o "maior orçamento" municipal de Lisboa vai "resolver problemas"