Pelo menos três concelhos (todos no interior) tiveram presidentes de câmara eleitos com uma maioria esmagadora. Em Boticas (Vila Real), São João da Pesqueira (Viseu) e Vila Viçosa (Évora), os autarcas (António Pires, Manuel Cordeiro e Inácio Esperança, respetivamente) conseguiram vencer com tanta vantagem que os cinco vereadores que compõem os executivos pertencem todos ao partido vencedor das eleições (no caso, o PSD).Esperava reforçar a maioria, que já tinha na câmara municipal, desta forma, conseguindo um pleno de vereadores?A minha expectativa era ter maioria absoluta, mas com três vereadores em cinco [há quatro anos, a maioria era de três vereadores para o autarca, um para o PS e outro para a CDU. Durante a campanha eleitoral, comecei a perceber que podia chegar aos quatro-um. Vi que a CDU não ia meter ninguém [no executivo], porque não tinham apoio atrás deles e que nós tínhamos recetividade. Agora, conseguir ter votos para eleger os cinco vereadores, isso não esperava. Quando, na noite eleitoral, estávamos a meter os dados no Excel, disse que tínhamos de fazer as contas outra vez, pensei estava errado e que a fórmula devia ser refeita. Mas assim que lá meti os dados, aquilo deu certo e confirmaram-se os cinco vereadores. Creio que isto só aconteceu em Boticas e pouco mais.Este resultado dá-vos mais responsabilidade para dialogar com a oposição, nomeadamente na Assembleia Municipal? Vai existir esse diálogo?Não. Não sinto essa pressão. Até porque se a oposição quiser fazer trabalho, poderá fazê-lo. Aqui em Vila Viçosa só se precisa fazer uma reunião pública semanal. Assim que tomar posse, todas, todas, todas as reuniões serão públicas e a seguir podem pedir os documentos todos.Mas tem uma responsabilidade acrescida para justificar esta super-maioria?Vamos fazer por isso, não é? Eu acho que esta maioria é mais um agradecimento do que uma perspetiva para o futuro. É um agradecimento pelo trabalho feito até aqui. É uma constatação de facto de que as pessoas acharam que este era o melhor grupo para gerir a autarquia nos próximos anos.Que prioridades tem para este mandato?É executar as obras que já temos em carteira. Alguma já estão contratualizadas com fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e com o Portugal 2030. Algumas já estão submetidas, outras já estão aprovadas. É executá-las e já há muitas que se estão a fazer.E que leitura faz dos resultados do PSD no distrito de Évora, onde conquistaram várias autarquias?Que me tenha apercebido, e pelas minhas contas, ganhámos mais uma câmara. Tínhamos quatro [Vila Viçosa, Redondo, Mourão e Reguengos de Monsaraz] e ainda ganhámos mais uma, Vendas Novas, que é histórico, porque o PSD nunca tinha sido poder lá - foi sempre CDU e PS. E ganhámos com maioria absoluta de quatro vereadores em cinco. Em Évora ficámos a 156 votos de vencer a câmara [conquistada pelo PS], o que é uma loucura, e até acho que ganhámos mais uma junta de freguesia lá. Se tivéssemos ganho o concelho, o PSD ficava com sete câmaras e seríamos a maior força do distrito. Em Borba, ficámos em segundo lugar também, em Estremoz continuamos em terceiro mas com mais votos. Houve um reforço em todo o distrito. É bom para o partido e acho que será bom para as pessoas. É sinal que quando as pessoas experimentam já não querem mudar..PSD diz que confiança no Governo e no primeiro-ministro contribuiu para resultados positivos.Autárquicas: PSD vence nas cinco maiores câmaras, pela primeira vez desde 2005, mas PS trava queda eleitoral