O Governo quer ver aumentada a capacidade de armazenamento de eletricidade, que tanto pode compreender armazenamento químico, através de baterias, como hídrico, através da capacidade das barragens. Para isso, preparou um pacote de 31 medidas, com um investimento previsto de 400 milhões de euros, entre setor público e privado - os números foram inicialmente avançados pelo Expresso e já confirmados pelo DN - com vista a prevenir um novo apagão como aquele que, a 28 de abril, atingiu Portugal e Espanha, deixando milhões de pessoas às escuras e sem comunicações. As medidas vão ser apresentadas a meio desta manhã, pela ministra do do Ambiente e Energia,Maria da Graça Carvalho, que será acompanhada pelo secretário de Estado da Energia, Jean Barroca, numa sessão a ter lugar no Ministério da Energia, em Lisboa.No final de junho, a responsável já tinha avançado que iria apresentar um pacote de medidas para evitar um novo episódio como o de abril, mesmo sem serem ainda conhecido o relatório final com as causas do ocorrido. Isto depois de ter ido a Bruxelas forçar a interconexão energética com França, tal como o DN deu conta, logo no final de maio. .Apagão: Ministra do Ambiente vai a Bruxelas forçar interconexão energética com França.A ministra da tutela salientou, no mês passado, que o Executivo queria ver ver aumentada a capacidade de armazenamento de eletricidade, estando por isso a trabalhar num “plano nacional de armazenamento”, que, adiantou, tanto pode compreender o armazenamento químico, através de baterias, como hídrico, através da capacidade das barragens.Outra das medidas a apresentar consiste na alteração aos sistemas de controle da rede elétrica, com uma maior informatização e utilização dos dados, passando a haver “um sistema único de recolha de dados”.Já no início da semana passada foram conhecidas as conclusões da reunião de 15 de julho do grupo de peritos da Rede Europeia de Operadores de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E), que investiga o colapso da rede ocorrido: o documento apontou como causa mais provável um aumento de tensão em cascata — observados no sul de Espanha na fase final do incidente — seguidos de desligamentos súbitos de produção, sobretudo em instalações renováveis, e conduziram à separação elétrica da Península Ibérica em relação ao sistema continental, com perda de sincronismo e colapso da frequência e tensão. .Este tipo de perturbação nunca tinha sido identificado como causa de apagão em nenhum ponto da rede europeia. A confirmar-se esta conclusão, será necessária “uma análise e investigação aprofundadas por parte de todos os especialistas em sistemas elétricos da ENTSO-E”, bem como a adoção de novas medidas para reforçar a resiliência, lê-se no mesmo relatório, citado pela agência Lusa.Entre as medidas a implementar, os peritos destacam a necessidade de “melhorar os procedimentos e capacidades de gestão do controlo da tensão de todos os intervenientes ativos do sistema elétrico” de modo a evitar incidentes graves relacionados com a tensão no futuro. A outra linha de atuação consiste em avaliar se os planos de defesa em vigor são capazes de proteger o sistema elétrico europeu contra “este novo tipo de fenómeno”.Durante o incidente, os planos automáticos de resposta foram ativados em Portugal e Espanha, como previsto nos regulamentos europeus, mas não conseguiram evitar o colapso da rede. O relatório destaca, ainda assim, a rapidez e eficácia do restabelecimento, com a REN a concluir a recuperação do sistema às 00h22 de 29 de abril e a Red Eléctrica por volta das 4h00.Embora o prazo legal para produzir o relatório factual sobre o incidente seja 28 de outubro de 2025, seis meses após o incidente, o painel de peritos pretende entregá-lo antes. Este será seguido de um relatório final, com recomendações à Comissão Europeia e aos Estados-membros, que deverá ser entregue dois a três meses depois.com Lusa