A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho
A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça CarvalhoEDUARDO COSTA/LUSA

Apagão: Ministra do Ambiente vai a Bruxelas forçar interconexão energética com França

Maria da Graça Carvalho reuniu com a homóloga espanhola e vai encontrar-se com o Comissário Europeu da Energia, Dan Jørgensen. Na agenda leva um pedido de reunião entre Portugal, Espanha e França
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Esta manhã, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e o Secretário de Estado do Ambiente reuniram em com os homólogos espanhóis com um tema em agenda: pressionar França para reforçar a interconexão energética com a Península Ibérica. A luta, que já não é nova, surge reforçada após o apagão de dia 28 de abril.

“A recuperação, mais do que a causa, teria sido mais fácil e mais rápida se tivéssemos uma interligação forte com França”, refere Maria da Graça Carvalho em declarações exclusivas ao DN, esta segunda-feira. É nesse sentido que, esta quarta-feira, 21 de maio, a ministra portuguesa vai até Bruxelas para uma reunião individual com o Comissário Europeu da Energia, Dan Jørgensen, com quem ainda não teve oportunidade de conversar pessoalmente desde o apagão do mês passado. E conta entregar-lhe em mãos uma carta a pedir uma reunião em que estejam presentes os três países envolvidos no processo bem como a Comissão Europeia.

“Esta manhã tivemos uma reunião, eu e o senhor Secretário de Estado da Energia, com o senhora ministra Sara Aagesen, e o senhor Secretário de Estado da Energia espanhol, e já combinámos redigir a carta que vai ser dirigida à ministra francesa e ao Comissário Europeu da Energia”, revela ainda a responsável. “Essa carta insta a uma aceleração dos processos de interconexão e a uma reunião com os três ministros [de Portugal, França e Espanha] – de preferência em Paris, pelo simbolismo que tem. Ou em Bruxelas”, refere.

Maria da Graça Carvalho acredita que a ministra francesa para a Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher, reconhece e tem a abertura necessária para discutir a questão do reforço da interconexão, e admite que, naturalmente, o apagão colocou em evidência a urgência desta necessidade.

Em declarações ao DN, a ministra da tutela admite ainda que “há dificuldades de entendimento”, nomeadamente sobre “a divisão de custos e as questões ambientais” envolvidas no processo, mas acredita que há apenas uma forma de solucionar os diferendos: “arregaçar as mangas e resolver.”

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho
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É importantíssimo ter o mercado interno a funcionar, e sempre que o mercado interno não funciona, a Europa fica mais fraca.

Maria da Graça Carvalho

“Tivemos uma ligação de alta tensão com Espanha, no norte, e tivemos muita contestação dos autarcas, e o que fizemos foi sentarmo-nos com todos os atores – autarquias, REN, autoridades – e resolver”, recorda.

A responsável adianta ainda que, após entregar a carta ao Comissário Europeu da Energia, o seu conteúdo deverá tornar-se público.

Questionada sobre se a liderança de António Costa no Conselho Europeu pode influenciar positivamente as conversações, Maria da Graça Carvalho admite que o assunto é da Comissão mas, “o poder de influência das personalidades portuguesas pode sempre ajudar, até porque o Dr. António Costa sempre defendeu esta questão. E esperamos que a voz se erga a ajudar nesta concretização”.

No mesmo sentido, aproveitou para lembrar aos parceiros europeus que “a Europa resolve muito melhor os problemas quando está unida. Resolveu a questão do gás quando houve a invasão da Ucrânia; resolveu a questão das vacinas na pandemia quando se juntou. É importantíssimo ter o mercado interno a funcionar, e sempre que o mercado interno não funciona, a Europa fica mais fraca. Portanto, vamos tentar que a Península Ibérica faça parte, de corpo inteiro, desse mercado interno”, concluiu,

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