Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças
Joaquim Miranda Sarmento, ministro das FinançasPaulo Spranger

Gastos com Defesa. Miranda Sarmento diz que Portugal não será dos mais rápidos, mas não ficará para trás

Plano de Portugal prevê chegar à meta de 2% do Produto Interno Bruto já este ano.
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O Governo admite que Portugal “não será dos mais rápidos” dos aliados da NATO a aumentar os gastos com defesa, mas garante que o país “não ficará para trás” e que isso será feito com gestão orçamental rigorosa.

“Nós não seremos dos mais rápidos, mas também não ficaremos para trás. O país não pode ficar para trás nesta questão, isso seria crítico, até porque Portugal defende uma enorme fronteira da Europa, a fronteira do Atlântico Norte”, disse o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, em entrevista à agência Lusa.

A poucos dias da cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) - marcada por fortes tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia e pela necessidade de aumentar o investimento em defesa -, o governante assegurou “um crescimento da despesa nos próximos anos” de acordo com o plano que Portugal irá apresentar na ocasião e que prevê chegar à meta de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) já este ano.

Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças
Aumento de orçamento da Defesa para 2% já em 2025: Nuno Melo garante rigor e retorno para a economia nacional

“Nós naturalmente teremos de fazer uma gestão orçamental cada vez mais rigorosa para garantir três coisas: que reforçamos a nossa capacidade de defesa, que mantemos e melhoramos o nível de proteção social e o nosso Estado social e que mantemos o equilíbrio das contas públicas e a redução da dívida pública”, elencou Joaquim Miranda Sarmento.

Apontando que “essa gestão tem sido feita e vai continuar a ser feita”, o ministro indicou sem especificar que isso “passa naturalmente por ser cada vez mais criterioso nas escolhas que se fazem”.

Questionado se tal passa por alterar a contabilização atual, Joaquim Miranda Sarmento indicou que Portugal seguirá o conceito de despesas da NATO, mas irá “identificar se há algumas despesas que hoje já existem em outros ministérios […] e que neste momento não estejam a ser registadas”.

“Há algumas despesas da GNR que já estão no conceito” sem serem contabilizadas e, por isso, “estamos a analisar se é possível alargar um conjunto adicional de despesas”, exemplificou.

Além disso, “vamos naturalmente aumentar as capacidades de defesa do país nas suas múltiplas vertentes”, prometeu o ministro, referindo estar já a ser feito um levantamento “com cautela e com peso e medida para não colocar em causa o equilíbrio das contas públicas”.

Os 32 aliados da NATO reúnem-se na terça e quarta-feira em cimeira na cidade neerlandesa de Haia sob a urgência de gastar mais em defesa, esperando que não haja guerra, mas preparando-se para o pior, dada a instabilidade geopolítica mundial.

Fala-se de uma meta de alocar 3,5% do PIB dos 32 países aliados a gastos militares tradicionais (forças armadas, equipamento e treino) e 1,5% do PIB adicionais em infraestruturas de dupla utilização, civis e militares (como relativas à cibersegurança, prontidão e resiliência estratégica), um acréscimo face ao atual objetivo de 2%.

Esta é a proposta que o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, vai levar à cimeira, mas as percentagens ainda não estão fechadas e também está por definir a meta temporal para chegar a tais gastos, se 2032 ou 2035.

“Veremos com a evolução […] da cimeira o que é que poderemos decidir”, adiantou Joaquim Miranda Sarmento à Lusa.

Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças
Defesa. Portugal supera previsões e fecha 2024 atingindo 1,58% do PIB em investimento

Em Portugal, o Governo anunciou que iria antecipar a meta de 2% do PIB em defesa para 2025.

Em 2024, Portugal investiu cerca de 4.480 milhões de euros em defesa, aproximadamente 1,58% do seu PIB, o que colocou o país entre os aliados da NATO com menor despesa militar - abaixo da meta dos 2% -, segundo estimativas do Governo e da organização.

Portugal estará representado na cimeira de Haia pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo.

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