Estado da Nação. Montenegro promete falar da saúde e pede a PSD/CDS-PP que recusem "o politiquês”
O primeiro-ministro prometeu esta terça-feira (15) falar dos problemas da saúde no debate do estado da nação, e pediu ao PSD e CDS-PP que se concentrem na discussão sobre resolução dos problemas “do povo português” e não “no politiquês”.
No encerramento das jornadas parlamentares do PSD/CDS-PP, em Évora, Luís Montenegro dedicou parte da sua intervenção ao último debate político no parlamento, que se realiza na quinta-feira, com a sua presença e de todo o Governo, antes da interrupção dos trabalhos parlamentares para as férias do verão.
“Vamos concentrar-nos em falar daquilo é o nosso compromisso com os portugueses e daquilo que realmente interessa à vida dos portugueses. Os portugueses não estão muito interessados em saber quem é que vai atrás de quem, quem é que fala com quem em que dia, nem em saber se o debate é mais aqui ou é mais ali”, afirmou.
O também presidente do PSD defendeu que as pessoas “querem ter uma oportunidade de emprego, querem ter uma oportunidade de progressão nas suas carreiras, querem ter uma resposta no Serviço Nacional de Saúde” (SNS), assegurando que não irá fugir a este tema, nem aos problemas estruturais nem a casos pontuais negativos.
“No debate do estado da nação lá estaremos para dar a cara pela política de saúde que estamos a desenvolver (…) Nós não estamos indiferentes aos casos, mas o país não pode viver na agonia apenas desses casos quando tem milhares de casos ao mesmo tempo que são bem-sucedidos. O país também tem de reconhecer que o SNS, vamos dizer isto com as letras todas, na maior parte dos casos responde bem”, defendeu.
Montenegro reiterou a prioridade que Governo dá à reforma do Estado
Montenegro disse não ter “nem um olhar cor-de-rosa, nem um cor-de-laranja, nem azul e amarelo sobre o Serviço Nacional de Saúde”, referindo-se às cores de PSD e CDS-PP.
“Quem às vezes assiste aos debates políticos parece que não houve uma campanha eleitoral há dois ou três meses. Muitos daqueles que estão a intervir no espaço público não dizem as mesmas coisas que diziam antes, estão apenas concentrados numa espécie de linguagem própria do debate político, que vulgarmente se chama politiquês”, criticou.
Por contraponto, pediu à maioria PSD/CDS-PP que se concentre “na linguagem do povo português”.
“É preciso resolver o problema dos imigrantes, temos de resolver o problema dos imigrantes; é preciso resolver o problema da segurança nas ruas, temos de resolver o problema da segurança nas ruas; é preciso resolver os constrangimentos do SNS, vamos concentrar-nos em resolver os problemas dos constrangimentos do SNS”, disse, entre outros exemplos.
No final do seu discurso, Montenegro reiterou ainda a prioridade que este Governo dá à reforma do Estado.
“Em todos os Conselhos de Ministros, os ministros são instados a concretizar o espírito da reforma do Estado, são instados a promover com os respetivos serviços, os processos de simplificação, de digitalização, de anulação dos procedimentos que são redundantes”, afirmou.
O líder do PSD antecipou que a orgânica do governo vai mostrar que “o primeiro-ministro, através do seu ministro adjunto e da reforma do Estado, quer ter uma intervenção direta em todos os organismos públicos para poder modificar a sua forma de gestão, a sua forma de relação com o cidadão e com as empresas”.
“Para poder de uma vez por todas acabar este suplício que é, muitas vezes, o diálogo entre o cidadão e a administração, entre a empresa e a administração”, afirmou.
Montenegro defende que AD é “força central” e recusa que Governo só fale de imigração
O primeiro-ministro defendeu ainda que o PSD e o CDS-PP são hoje “a força central” da democracia, mais centrada na ação que na ideologia, e recusou críticas de que o Governo seja “monotemático” e só legisle sobre imigração.
“Nós somos mais do que nunca a força política central da nossa democracia, isso observa-se à vista desarmada, basta olhar para o parlamento”, afirmou, considerando que os restantes partidos à esquerda e à direita têm “ideologias e posicionamentos” mais marcados.
Nesse sentido, o presidente do PSD e primeiro-ministro considerou que são estes dois grupos parlamentares que têm melhores condições para “construir pontes” com os dois lados do hemiciclo.
“Não estamos marcados por dogmas e ideologias que comprimem a nossa ação. Nós estamos muito mais marcados pela vontade e pela concretização da resolução dos problemas reais das pessoas”, afirmou, defendendo que PSD e CDS-PP constituem “uma força política de diálogo”.
No entanto, avisou, que estes partidos que dão suporte ao Governo não veem o diálogo como o fim da sua ação política, mas apenas “como um instrumento para aproximar posições, não um meio para empatar decisões”.
Na sua intervenção de mais de meia hora, Montenegro procurou também contrariar as críticas de que as políticas da imigração constituem o “alfa e ómega” da ação do Governo, mas salientou que o programa do executivo foi votado pela maioria dos portugueses a 18 de maio.
“Há alguns agentes políticos cuja representação parlamentar os portugueses quiseram que fosse de um deputado, de três deputados, na melhor das contas de seis deputados, que falam com uma arrogância em nome dos portugueses para quem representa a maioria dos portugueses”, disse, num aparente recado a BE, PCP e Livre.
E acrescentou: “É que se na democracia as maiorias devem respeitar as minorias, também é uma regra de ouro das democracias que as minorias respeitem as maiorias”, apelou.