O empresário luso-americano César do Paço confirmou ao DN que irá processar Joana Mortágua por difamação, acusando-a de ter feito “alegações falsas e gravemente difamatórias” a seu respeito, num debate televisivo com o líder parlamentar do CDS, Paulo Núncio. Os processos serão interpostos em Portugal e nos Estados Unidos, desafiando a deputada bloquista a esclarecer, “de forma objetiva e com provas concretas”, como e quando o autor terá doado “milhões em numerário” aos centristas.Em causa está um debate no canal Now, realizado a 5 de fevereiro, em que Paulo Núncio criticou a “hipocrisia” do Bloco de Esquerda por despedir funcionárias que haviam sido mães há pouco tempo. Quando o centrista perguntou “quanto é que o Bloco de Esquerda tinha na conta bancária quando despediu essas pessoas”, Mortágua respondeu que era “menos do que aquele milhão em notas que os assessores do CDS depositaram na conta do partido”, acrescentando por duas vezes que “não somos financiados pelo César do Paço, isso é o CDS e o Chega”. O debate encerrou a seguir.Ao tomar conhecimento disto, Paço comunicou a intenção de processar a deputada, explicando que o faria tanto na Justiça portuguesa como num tribunal federal norte-americano. Contactado pelo DN, o empresário, residente nos Estados Unidos há 31 anos, realçou que a imunidade parlamentar de Joana Mortágua não se aplica nos Estados Unidos e justificou que “o simples facto de ser possível aceder, em qualquer restaurante de Newark, em New Jersey, às transmissões das estações televisivas portuguesas demonstra, de forma inequívoca, a difusão e o impacto das declarações em questão no território norte-americano, conferindo assim plena jurisdição para a sua tramitação neste país”.No que toca à queixa por difamação na Justiça portuguesa, o luso-americano diz ser “profundamente lamentável que, no atual panorama político, certos atores políticos façam uso sistemático da difamação e da calúnia como meros expedientes de luta ideológica, atentando contra a honra e a reputação de terceiros com o único propósito de fomentar as suas agendas partidárias”. E garante que qualquer compensação pecuniária que venha a ser atribuída será integralmente doada a uma instituição de caridade designada pelo tribunal, “reforçando o caráter ético e moral” de uma iniciativa que “tem como único propósito a reposição da verdade e a responsabilização daqueles que recorrem à difamação como instrumento político”.Contactado pelo DN, o Bloco de Esquerda enviou um esclarecimento de Joana Mortágua, no qual a deputada diz ter feito referência “a dois factos relacionados com o financiamento do CDS-PP” no debate com Núncio. E cita uma notícia sobre 1,06 milhões de euros em notas que foram depositados por funcionários na conta do CDS no final de 2004, e outra notícia sobre transferências, no valor de 29 880 euros, que César do Paço terá feito para financiar a campanha para as Eleições Regionais da Madeira, mas em 2019. No entanto, Joana Mortágua, que até ao momento “não tem conhecimento de qualquer queixa contra si apresentada por César do Paço, conhecido financiador do Chega e do CDS-PP”, não disse que estava a referir-se a dois casos diferentes durante o debate que foi transmitido pelo Now.."Foi legal, mas não foi correto." Mariana Mortágua sobre o despedimento de trabalhadoras do BE