Catarina Marinho foi este domingo eleita presidente da Juventude Popular, tornando-se a primeira mulher a liderar a organização juvenil do CDS-PP em 50 anos de História. A gestora de 26 anos foi a vencedora do Congresso que decorreu durante o fim de semana na Costa da Caparica, e a outra candidata declarada à sucessão de Francisco Camacho, a jurista Enide Menezes Seixas, de 23 anos, acabou por decidir não apresentar listas aos órgãos nacionais.A lista para a Comissão Política Nacional encabeçada por Catarina Marinho, que era, até agora, a vice-presidente da Juventude Popular com o pelouro da Comunicação, contou com 165 votos favoráveis, 47 brancos e 23 nulos. Pouco diferentes foram os resultados das listas únicas apresentadas aos restantes órgãos, com o maior número de votos favoráveis a pertencer à Mesa do Conselho Nacional (200) e o menor número à Comissão de Disciplina (164).No que toca às moções de estratégia global colocadas à consideração dos congressistas, a vencedora, com 169 votos, foi “Dizer ao Fazer”, de Catarina Marinho, enquanto “O Motivo é Portugal”, de Enide Menezes Seixas, teve 132 votos. Houve ainda dois votos em branco e dois nulos, não chegando a ir a votos a moção “Por uma Juventude Popular Popular”, que tinha como primeiro subscritor o líder da Distrital do Porto, Jorge Costa Braga. Ficara claro desde o início que não tinha intenção de disputar a liderança, mas depois de nenhuma das candidatas declaradas ter mostrado disponibilidade para assumir a moção, tida como a mais conservadora de todas, nomeadamente em temas como o casamento, acabou por ser retirada.Militante da Juventude Popular há 13 anos, Catarina Marinho começou a envolver-se na política quando a sua escola , que tinha contrato de associação, corria o risco de fechar portas. Assumidamente com “papel muito mais operacional do que ideológico”, realçou o facto de ser a primeira mulher na corrida à liderança da Juventude Popular ao apresentar a candidatura.Assume entre as prioridades pelas quais lutará, junto do Governo, a redução gradual do IRC para 12%, como forma de fomentar a criação de empresas em Portugal,e a isenção de IRS para jovens que foram para outros países e nunca chegaram a trabalhar em Portugal. Também quer isenção de IVA nas contas de água, eletricidade e gás para jovens entre os 18 e os 25 anos que precisem de arrendar casa para estudar.Noutras matérias, advoga a “grande necessidade de reestruturar a disciplina de Cidadania”, acrescentando-lhe temas como literacia financeira, educação ambiental e suporte básico de vida, ao mesmo tempo que se retira a “parte ideológica” do programa. E, embora respeite o resultado do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, admite que prefere chamar-lhe aborto e diz que “devemos estar focados em ter a certeza de que as mães não sejam obrigadas a fazê-lo por dificuldades económicas, por motivos laborais ou porque não têm apoio familiar”. De igual forma, defende Urgências Obstétricas abertas 24 horas por dia a cada 60 quilómetros.A Juventude Popular foi criada em 1974, então como Juventude Centrista. Foi sempre liderada por homens, destacando-se entre os antigos presidentes Manuel Monteiro e Francisco Rodrigues dos Santos, que mais tarde viriam a liderar o CDS, bem como o ex-ministro Pedro Mota Soares e o atual deputado João Almeida..Francisco Camacho: “Saio com espírito de missão cumprida”.A Juventude Popular (JP) fica bem entregue?Muito bem entregue. A opção resulta de um Congresso participado e disputado, como não havia desde 2011. Reconheço à Catarina Marinho a maior competência para assumir o futuro da JP, mas também respeito muito o trabalho da Enide [Menezes Seixas]. Qual é a importância de haver pela primeira vez uma mulher na liderança da JP?Não tenho especial alinhamento com questões de política de identidade, mas neste caso é importante. Era estranho uma organização com 50 anos nunca ter tido uma mulher a liderar, e estrategicamente é valioso para o CDS. Não me é indiferente que tenha acontecido e é bom quando vemos o quadro político nacional, com mulheres em destaque na Juventude Socialista e na Juventude Chega.Que balanço faz dos seus mandatos? O maior elogio é que a JP tornou-se apetecível para duas mulheres que têm o seu futuro pela frente, e cada uma delas mobilizou mais de uma centena de jovens. Saio com espírito de missão cumprida e é sintomático que a nova Comissão Política Nacional tenha indicado o meu nome para presidente honorário da JP, aprovado por maioria.