A eleição especial para a presidência da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, causada pela demissão de Ricardo Leão, devido às críticas feitas ao presidente da Câmara de Loures por figuras destacadas do partido - nomeadamente o anterior primeiro-ministro e secretário-geral socialista António Costa, coautor de um texto que acusava o autarca de “ofender gravemente os valores do PS”, ao defender o despejo de titulares de contratos de habitação social envolvidos em tumultos -, decorre nesta sexta-feira, cabendo aos cerca de 6000 militantes com quotas em dia decidir entre a eurodeputada Carla Tavares e o professor universitário e comentador Miguel Prata Roque.Entre outras competências, à FAUL cabe a palavra final na nomeação dos candidatos socialistas (em coordenação com as concelhias) às Eleições Autárquicas na região, exceto nos casos em que o secretário-geral do partido chamar a si essa responsabilidade.Na disputa entre uma eurodeputada que faz parte do establishment do partido na Grande Lisboa, tendo sido até meados de 2024 a presidente da Câmara da Amadora, e um outsider com presença mediática, experiência governativa e discurso de mudança, ambas as candidaturas têm-se aplicado a mobilizar apoios de peso, ainda que com diferenças no perfil e na quantidade de figuras envolvidas nas campanhas.Olhando para os 11 concelhos da FAUL (Lisboa, Sintra, Cascais, Oeiras, Amadora, Odivelas, Loures, Vila Franca de Xira, Azambuja, Arruda dos Vinhos e Mafra), cinco dos sete presidentes de Câmara que foram eleitos pelo PS são apoiantes declarados de Carla Tavares, sendo que também Basílio Horta, que não é militante e não se pode recandidatar, surgiu ao lado da antiga eurodeputada.O mesmo se aplica à generalidade das concelhias socialistas da Área Urbana de Lisboa, com destaque para as da Amadora, Odivelas e Loures, onde se antevê uma grande vantagem nos votos a favor de Carla Tavares. Por seu lado, Miguel Prata Roque tem optado pela mensagem de “devolver o partido aos militantes”, criticando quem se protege “no colo do aparelho e dos caciques locais”, e espera surpreender o aparente favoritismo. Ainda assim, equilibra a contenda com Carla Tavares no que diz respeito a históricos do partido e figuras destacadas, tendo entre os apoiantes João Soares, Isabel Soares e Maria Antónia Almeida Santos. E a também outsider Ana Gomes, juntamente com Eurico Brilhante Dias e Maria Manuel Leitão Marques.Mas do lado da adversária estão as ex-ministras Mariana Vieira da Silva, Marta Temido e Alexandra Leitão, tidas como figuras de futuro no PS.Autarcas e concelhias com Carla TavaresUm dos principais apoiantes da candidatura de Carla Tavares é precisamente o último a ter sido eleito para a presidência da FAUL, Ricardo Leão. O presidente da Câmara de Loures está longe de ser o único autarca socialista ao lado da eurodeputada, pois o mesmo sucede com os presidentes das câmaras da Amadora, Vítor Ferreira (que sucedeu a Carla Tavares); de Odivelas, Hugo Martins; de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira; e de Arruda dos Vinhos, Carlos Alves. Nas concelhias, igual hegemonia: Davide Amado (Lisboa), Bruno Parreira (Sintra), Ricardo Lima (Loures), Bruno Magro (Oeiras), João Ruivo (Cascais) e Miguel Samora (Mafra). Sem esquecer que a mandatária é Mariana Vieira da Silva, tida como provável candidata à Câmara de Lisboa, acompanhada pela líder do grupo parlamentar, Alexandra Leitão, pelo ex-secretário-geral da Juventude Socialista, Miguel Costa Matos, pela eurodeputada Marta Temido, pela deputada Edite Estrela e por vários ex-deputados, como Romualda Fernandes e Pedro Costa, filho de António Costa. Afastado da política ativa, o ex-ministro (e ex-presidente da FAUL) Duarte Cordeiro também é apoiante.Históricos do partido com Prata RoqueSem igual peso entre autarcas e líderes concelhios, Miguel Prata Roque conta com apoio de históricos do PS. Desde já, os dois filhos do fundador do partido: o antigo presidente da Câmara de Lisboa, João Soares, e a irmã Isabel, mandatária da candidatura. Também com o candidato se encontram a ex-deputada Maria Antónia Almeida Santos, coordenadora do seu Grupo de Ação Rápida de Inclusão Social, a antiga candidata presidencial Ana Gomes, a ex-ministra e eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques, e o antigo secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco. E ainda o deputado Eurico Brilhante Dias.