A Assembleia da República decidiu travar o envio de mails provenientes de um site pró-vida para os deputados, após ter recebido milhares de mensagens de correio eletrónico provenientes do mesmo endereço (IP). Em causa está a iniciativa do site contactar-deputados.pt que, como o DN noticiou na terça-feira, permitia aos utilizadores enviar um texto para todos os eleitos pelo seu círculo eleitoral, apelando a que votassem contra um projeto de lei do PS, que visa alargar o prazo legal da interrupção voluntária de gravidez, das 10 para as 12 semanas de gestação.Fonte oficial da Assembleia da República garantiu ao DN que não terá havido uma queixa de qualquer grupo parlamentar ou deputado, e sim uma análise dos serviços informáticos à deteção de “milhares e milhares de mails” provenientes do mesmo IP. Depois de ter sido afastada a hipótese de se tratar de um ataque cibernético, foi decidido bloquear o IP utilizado pelo site contactar-deputados.pt, criado pelo engenheiro informático Nuno Miranda. .Site pressiona deputados a recusar alargamento do prazo legal da IVG. Negando que esteja em causa censura a uma iniciativa ligada aos movimentos pró-vida, a Assembleia da República irá colocar na intranet, à qual têm acesso os 230 deputados, a possibilidade de cada um deles aceitar os mails enviados através da ferramenta informática criada por um engenheiro informático de Seia, que trabalha para uma organização pró-vida Britânica.Ao DN, Nuno Miranda disse que a decisão faz pensar que “somos menos democráticos do que outros países”, na medida em que conhece exemplos de ferramentas informáticas parecidas com aquela que criou, e que permitem a “eleitores pró-vida e eleitores pró-escolha” enviarem mensagens para os deputados que os representam.