O economista e professor universário, António Rebelo de Sousa, militante do Partido Socialista (PS) e ex-deputado à Assembleia da República, acredita que António José Seguro poderá passar à segunda volta das presidenciais, enfrentando Marques Mendes. Já o almirante Gouveia e Melo arrisca não passar à segunda volta, diz, se continuar a ter o desempenho que tem tido, argumenta. António Rebelo de Sousa aproveita para defender o irmão Marcelo, atual Presidente da República, das críticas que lhe fazem à esquerda e à direita. É apoiante de António José Seguro, nas eleições presidenciais de 2026. Porquê?Sou apoiante de António José Seguro para a Presidência da República pelas suas qualidades de honestidade, de integridade, de sentido de equilíbrio, de sensatez e de inteligência, para além de o considerar um bom político de centro-esquerda e com ideais com os quais concordo desde os meus tempos de juventude.O seu partido, o PS, devia ter anunciado o seu apoio a Seguro mais cedo?Acho que deveria ter apoiado mais cedo. Mas, compreendo que o meu amigo José Luís Carneiro tenha tido um entendimento diferente.Acredita que António José Seguro tem condições para passar à segunda volta?Penso que tem todas as condições para passar à segunda volta.E se passar, quem será o adversário mais provável?Penso que poderá ser Marques Mendes.Acha que acabará por não passar à segunda volta?Entendo que se continuar a ter o desempenho que tem tido ultimamente, poderá não passar à segunda volta.E André Ventura?Estou convencido de que não passará à segunda volta. E espero ardentemente que não passe à segunda volta.Como avalia a recente polémica a respeito do livro com a entrevista de Valentina Marcelino ao almirante Gouveia e Melo?Acho que o Almirante Gouveia e Melo, por quem tenho consideração pessoal, foi particularmente infeliz.O seu irmão Marcelo, atual Presidente da República, tem sido criticado, por alguns comentadores, pelo seu nível de intervenção pública. Obviamente, estamos a falar do seu irmão e a sua avaliação será sempre muito subjetiva, mas o que pensa sobre estas críticas?Considero injusta essa apreciação crítica. O meu irmão Marcelo sempre foi um político posicionado ao centro, gerando, por conseguinte, críticas de sectores de direita mais conservadora e de sectores de esquerda mais radical. Mas, não penso que tenha exagerado no nível de intervenção pública.O Presidente tem sido criticado, em alguns quadrantes, por não ter dado posse a um governo liderado por Mário Centeno. Marcelo podia ter agido de outra forma?Apesar de ser membro do PS, entendo que ele agiu bem.O que pensa sobre a política económica do atual Governo?Acho que poderia ter ido mais longe na promoção de uma maior justiça social e na procura da dinamização da economia nacional, reforçando o planeamento estratégico em sectores fundamentais da nossa economia.Concorda com a junção da pasta da Economia com a Coesão Territorial?Por sinal, até estou de acordo.Foi presidente da SOFID durante vários anos. Concorda com a integração desta instituição no Banco Português de Fomento?Penso que a SOFID deveria manter a sua individualidade própria, embora passando a pertencer ao “ universo” do Banco de Fomento. A SOFID deveria continuar a existir autonomamente, transferindo o Estado a sua participação para o Banco de Fomento, mas mantendo as participações do NB, do BCP, da CGD, do BPI e da Corporación Andina de Fomento. Julgo que seria desejável que a SOFID continuasse a ser uma instituição de crédito equiparada a EDFI- European Development Finance Institution. A fusão com o Banco de Fomento constituirá um grande erro estratégico, correndo-se o risco de ambas as instituições perderem o foco nas áreas para que estariam mais vocacionadas.Tem escrito muito, na sua coluna no DN, sobre questões geopolíticas e sobre a guerra da Ucrânia. Acredita que possa terminar em breve?Trump vai continuar a tentar dar tempo a Putin para ele desenvolver a sua estratégia em relação à Ucrânia. A Ucrânia continuará a contar com o apoio da União Europeia (com uma ou outra excepção). Provavelmente, a guerra irá prolongar-se por bastante tempo. Espero, todavia, que venha a ocorrer alguma boa surpresa, mas tal não se apresenta provável.