Alberto João Jardim foi presidente do Governo Regional da Madeira entre 1978 e 2015.
Alberto João Jardim foi presidente do Governo Regional da Madeira entre 1978 e 2015.Hélder Santos / Aspress

Alberto João Jardim faz elogios à nova e ao anterior líderes do PS-Madeira

Histórico do PSD diz que Paulo Cafôfo "trabalhou pela autonomia", enquanto Célia Pessegueiro tem "currículo a merecer respeito". Debate do Orçamento Regional para 2026 arranca nesta segunda-feira.
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O antigo presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, que conduziu o PSD a sucessivas maiorias absolutas ao longo de quase três décadas, fez elogios públicos ao anterior e à nova líder do PS-Madeira, Paulo Cafôfo e Célia Pessegueiro, chegando a aconselhar a socialista a "não perder tempo com a 'esquerda caviar' nem 'comunas'".

As cinco publicações de Alberto João Jardim na rede social X, onde o político de 82 anos mantém atividade regular, ocorreram neste domingo, 14 de dezembro, na véspera do arranque do debate do Orçamento Regional para 2026, sabendo-se que o PS-Madeira optará pela abstenção na generalidade. Algo que não será decisivo, pois o executivo do social-democrata Miguel Albuquerque, que resulta de uma coligação entre o PSD e o CDS, tem maioria absoluta graças à única eleita dos centristas.

Sobre Célia Pessegueiro, que se tornou neste domingo a primeira mulher a liderar o PS-Madeira, Alberto João Jardim não se limitou a defender que a ex-presidente da Câmara de Ponta do Sol "tem um currículo a merecer respeito cívico". Também lhe deixou conselhos, escrevendo que a nova secretária-geral "terá de perceber com quem conta e não perder tempo com a 'esquerda caviar' nem 'comunas'".

"Terá de ser ela e não instrumento de outros", escreveu o histórico social-democrata, que antevê "um grande teste" para Célia Pessegueiro, pois deve "autoavaliar se tem estatuto credível para ser candidata a presidente do Governo Regional da Madeira" e "assumir-se na luta pela autonomia". Caso contrário, ressalva Alberto João Jardim, "será PS mais do mesmo, misturado à pseudo-esquerda folclórica".

Mas também o anterior líder socialista, Paulo Cafôfo, que nas eleições regionais de 2019 ficou a pouco mais de cinco mil votos do que seria uma vitória inédita do seu partido na região autónoma - após ter conseguido conquistar a Câmara do Funchal nas autárquicas de 2013 e de 2017 -, mereceu elogios de Alberto João Jardim.

"Trabalhou pela democracia e pela autonomia. Testemunho-o, apesar das diferenças ideológicas. Estas pessoas têm de ser respeitadas, ao contrário dos palhaços que queriam voltar a impor regimes totalitários", escreveu o homem que liderou a Região Autónoma da Madeira entre 1978 e 2015. Sem se esquecer de realçar que Cafôfo "teve o azar de pegar num partido que, na Madeira, se autodestruiu logo desde o 25 de Abril, quando ao lado dos comunistas, enquanto Mário Soares os combatia, e até mais extremados".

Nos últimos anos, o PS-Madeira tem dado sinais de crise que culminaram no segundo afastamento de Paulo Cafôfo, que fora líder regional antes de assumir a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Nas eleições regionais de 23 de março de 2025, o partido foi apenas o terceiro mais votado, com 15,64% e oito deputados, perdendo a liderança da oposição para o Juntos pelo Povo, que teve 21,05% e obteve 11 mandatos na Assembleia Legislativa Regional.

A tendência negativa para o PS-Madeira manteve-se nas autárquicas, pois não só Célia Pessegueiro falhou a reeleição em Ponta do Sol (deixando o Machico e Porto Moniz como únicas autarquias socialistas), como o partido foi relegado para a quarta posição no Funchal, atrás da coligação PSD-CDS, do Juntos pelo Povo e do Chega.

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