Von der Leyen e a covid: "Ainda há muita adversidade pela frente"
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen considera a situação sanitária atual é ainda "grave", devido às variantes do coronavirus. A falar à margem da cimeira europeia, iniciada esta quinta-feira Von der Leyen reconheceu as "dificuldades" ao longo último ano, mas defendeu persistência.
"A situação não só continua grave, em muitas partes da Europa, como temos de ter cuidado com as variantes que estão a alastrar-se", afirmou Von der Leyen, especificando que "a [variante] B117 está já em todos os Estados-Membros, à excepção de um único. A sul-africana está em 14 Estados-Membros, e a variante Brasileira, em sete, por isso, há ainda muita adversidade à nossa frente".
A presidente da Comissão salientou que na maioria dos países europeus os contágios estão a abrandar, mas realçou que não é altura para relaxar medidas.
"Observamos uma tendência estável e decrescente em 20 países. Mas, nos outros sete, há uma tendência de subida. Ao mesmo tempo, há um aumento da fadiga da pandemia entre os nossos cidadãos", afirmou, reconhecendo que "foi um ano muito difícil, mas não devemos desistir agora".
Von der Leyen espera agora que a Europa consiga dotar-se de uma capacidade de testes e de identificação de novas variantes. "Para isso, a Comissão Europeia disponibiliza 200 milhões de euros, para o quadro legal que o Centro Europeu de Controlo de Doenças está a conceder, para permitir aos Estados-Membros contratualizarem o sequenciamento [genético do vírus], porque temos de detetar, numa base regular, como é que o vírus está a propagar-se e se as variantes estão a alastrar e como se estão a desenvolver".
"A situação epidemiológica continua a ser grave e as novas variantes representam desafios adicionais. Devemos, por conseguinte, manter restrições rigorosas, intensificando simultaneamente os esforços para acelerar o fornecimento de vacinas", lê-se nas conclusões da cimeira.
A presidente da Comissão a falava à margem da Cimeira em que os 27 concordaram que "as viagens não indispensáveis têm de ser limitadas".
O Conselho recomenda que "possam ser introduzidas restrições, de acordo com os princípios da proporcionalidade e da não discriminação, e tendo em conta a situação específica das comunidades transfronteiriças. O livre fluxo de bens e serviços no mercado único tem de ser assegurado, inclusivamente através do recurso aos corredores verdes".
Sobre os certificados de vacinação, os 27 apelam para haja "uma abordagem comum", prometendo mais adiante "voltar a este assunto". Von der Leyen pede rapidez. "Os Estados-Membros terão que agir rapidamente com a implementação se quisermos ter esse certificado até ao verão".
Porém, nesta fase, será preciso evitar "expectativas altas demasiados cedo", alertou Von der Leyen, já que a proposta para a coordenação de padrões comuns necessitará de "pelo menos três meses de trabalho técnico", para poder ser aplicada nos 27 Estados-Membros.
É ainda preciso definir que utilização poderá ser dada ao certificado, numa altura em que ainda não é claro se a vacinação inibe a transmissibilidade do vírus, ou se a pessoa vacinada poderá contagiar. "Essas preocupações vão desaparecer à medida que a vacinação avançar", afirmou a presidente da Comissão.
Em Bruxelas