André Ventura assumiu que será preciso “cortar muito” para financiar os aumentos salariais para as forças de segurança e a subida para fazer equivaler as pensões mínimas ao salário mínimo em seis anos. O único número que avançou foi o de 400 milhões de euros que o Estado estaria a gastar para promover a ideologia de género e que o líder do Chega quer usar para suportar estes aumentos de despesa. Mas o valor não está correcto..O valor em que Ventura se baseia parte de um anúncio do Governo de que o Orçamento do Estado para 2024 tem mais de 426 milhões de euros para promover a igualdade de género..Este número baseia-se numa “avaliação de impacto” das medidas orçamentais que, em várias áreas, se considera contribuírem “direta ou indiretamente” para o combate à desigualdade entre homens e mulheres..Essas medidas foram apresentadas por 150 entidades que as apresentaram e identificaram 39% delas como tendo a promoção da igualdade como “um objetivo importante”, mas não como “razão principal”, sendo que de acordo com dados divulgados pelo jornal Público em outubro 81% destes 426 milhões dirão respeito a medidas que embora tenham impacto positivo na promoção da igualdade entre géneros não têm esse objetivo como único fim..A ideia do Governo foi que houvesse uma avaliação de medidas orçamentais como tendo ou não impacto no combate à discriminação de género..Ou seja, estes mais de 400 milhões de euros não estão alocados a programas de promoção da “ideologia de género”, como afirmou o líder André Ventura..De resto, esta não é a primeira vez que o Chega usa este número, que circula já nas redes sociais do partido e que foi desmentido pelo Polígrafo a 30 de outubro.