TAP e maiorias absolutas. A campanha ainda sob os ecos do debate

Rui Rio critica António Costa no dossier TAP, mas alinha com o líder socialista na maioria absoluta - "Também quero uma". BE foi ao Bairro da Jamaica visitar a família Coxi.

Num dia ainda sob os ecos do debate televisivo que juntou todos os líderes partidários, na noite de segunda-feira, António Costa e Rui Rio fizeram esta terça-feira campanha em "terreno adversário". O líder do PS esteve no Funchal, onde respondeu com um lacónico "era o que faltava" a David Neeleman, ex-acionista da TAP que disse esperar um pedido de desculpas, depois de Costa ter dito no debate que a transportadora aérea foi comprada para evitar que o acionista que lá estava - e "que não merecia confiança" - desse "cabo da TAP no dia em que fosse à falência". "Em 2020 as empresas do senhor Neeleman foram caindo em todo o mundo", apontou então Costa.

Rui Rio também entrou na contenda, para dar razão ao empresário: "Penso que ele tem razão, o primeiro-ministro claramente faltou à verdade ao dizer que o empresário está falido e todas as suas empresas tinham ido à falência e que a TAP se salvou porque o Estado ficou com a TAP", afirmou o líder do PSD, aproveitando para voltar a criticar o investimento público na empresa de aviação: "Agora a TAP também não vai à falência porque nós, contribuintes, metemos lá muito dinheiro".

Ao terceiro dia de campanha, Rui Rio esteve num distrito tradicionalmente de esquerda, mas isso não diminuiu o ânimo da campanha social-democrata. Numa arruada em Setúbal, depois de ter entrado na Casa da Sorte, Rio garantiu que "se o PSD ganhar as eleições sai a sorte grande a Portugal"e manifestou-se convicto que o voto dos portugueses, a 30 de janeiro, irá "no sentido contrário" ao resultado das sondagens. Um dia depois do debate em que António Costa proferiu pela primeira vez as palavras "maioria absoluta" (em vez da habitual "maioria estável"), o presidente do PSD disse não ver nisso razão para críticas, até porque partilha o mesmo objetivo - "Eu também quero uma maioria absoluta, portanto não o posso criticar por isso".

À esquerda, a coordenadora do BE, Catarina Martins, esteve no Bairro da Jamaica, no Seixal, onde se encontrou com a família Coxi, e atacou o presidente do Chega, André Ventura. "É a primeira campanha em que temos um líder de um partido representado na Assembleia da República que é condenado, com uma sentença transitada em julgado, por insulto, e por um insulto com motivação racista [à família Coxi]. A melhor lição que lhe podemos dar no dia 30 é a sua derrota e o BE reforçado como terceira força política. É a derrota de André Ventura e é essa derrota que queremos impor", afirmou a líder bloquista.

Na comitiva da CDU o dia começou com a notícia de que João Ferreira testou positivo à covid-19 e que será agora o líder parlamentar, João Oliveira, a assumir as rédeas da campanha até ao regresso de Jerónimo de Sousa. E foi já João Oliveira que, numa visita a uma produção agrícola no concelho de Oliveira do Bairro, defendeu que o país "não tem de estar condenado à estagnação" económica e tem de encontrar soluções para "o estrangulamento" de que os agricultores são alvo, em particular os pequenos e médios agricultores.

Já Francisco Rodrigues dos Santos foi ao Tagus Park, em Oeiras, afirmar que o PS não tem "solução rigorosamente nenhuma para o país" e que António Costa é candidato "à época de recurso", ao insistir num "orçamento chumbado". "Um absurdo", diz o líder do CDS, que citou Einstein para defender que "insistir na mesma solução e procurar resultados diferentes é um exercício de fraca capacidade intelectual, no mínimo". Acusando a esquerda de querer "aumentar impostos, taxar tudo aquilo que mexe, diminuir o rendimento disponível das famílias e aumentar a dívida e a despesa pública", Rodrigues dos Santos defendeu um "choque fiscal", nomeadamente através de uma taxa única de IRC de 15% até ao final da legislatura.

Num dia em que o PAN calçou as galochas para recusar a solução de um novo aeroporto no Montijo (ver página ao lado), a Iniciativa Liberal foi até Loures para criticar o fim da Parceria Público-Privada (PPP) no Hospital Beatriz Ângelo (que passou esta terça-feira para a gestão do Estado). "Sabemos que há parcerias público-privadas noutras áreas que são ruinosas, mas as da saúde eram boas parcerias público-privadas", defendeu João Cotrim Figueiredo, responsabilizando PS, BE e PCP pelo fim desta PPP. Para a Iniciativa Liberal, António Costa "vendeu a alma ao diabo" quando "se encostou à geringonça" e aceitou travar a existência de PPP"s na área da saúde.

O Chega, por seu lado, voltou a reclamar os ministérios da Agricultura, Segurança Social, Justiça e Administração Interna, um dia depois de ter clarificado, no debate televisivo, que se o partido chegar aos 7% só aceitará apoiar uma solução de governo de direita se tiver lugares no Executivo.

Já Rui Tavares, do Livre, anunciou que vai propor a criação de uma subcomissão de direitos humanos na Assembleia da República, afirmando que o Livre quer colocar este tema "no centro da política" portuguesa. Com Lusa

susete.francisco@dn.pt

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