Foi a partir da sua casa, na Ericeira, que José Sócrates decidiu enviar um curto email, às redações, intitulado O Duplo Critério. "A publicação de escutas telefónicas é usada em Portugal como meio que visa comprometer a reputação individual de adversários políticos. Os policias e procuradores que usam estes métodos, rebaixam o Estado à condição moral de delinquente", começa por escrever o antigo primeiro-ministro, visado no Processo Marquês..José Sócrates acusa: "Os criminosos não são os escutados, mas os que divulgam as escutas. O método tem nome e uma longa história nas policias políticas – Kompromat". .De seguida, o arguido do Processo Marquês dá conta daquilo por que passou e que, na sua opinião, foi esquecido, em detrimento da atual polémica suscitada pelas escutas no Processo Influencer, onde é visado António Costa. "Há dez anos fui vítima do mesmo: as mulheres do Sócrates; os filhos do Sócrates; os amigos do Sócrates. Essa violência ilegítima do Estado Português foi normalizada e tolerada por todos – pela política, pelo jornalismo, pelo poder judiciário"..Sócrates considera "inaceitável" a diferença de tratamento. E finaliza, na nota enviada às redações: "Portanto, anotemos com consciência: à nojeira de hoje, junta-se a tentativa de esquecimento da nojeira de ontem. O silêncio sobre o que aconteceu no processo marquês comparado com a viva indignação que agora é usada no processo Influencer representa um duplo critério moral que considero absolutamente inaceitável".